Surf: novas regras no mar

As autoridades e os surfistas profissionais estão preocupados com a falta de segurança de algumas escolas de surf. E preparam-se para implementar novas regras, como a de exigir que todas as escolas sejam certificadas e tenham seguros de responsabilidade civil e acidentes pessoais.

Neste momento, estão registadas na base de dados da Federação Portuguesa de Surf (FPS) 400 escolas de norte a sul do país, avançou ao SOL o presidente do organismo que congrega todas as associações e clubes nacionais destes desportos, João Aranha.

Concentradas sobretudo nas zonas de Lisboa, Oeste e Algarve, estas aulas dão resposta à crescente popularidade do surf. O responsável da FPS estima que haverá  “mais de 300 mil praticantes portugueses e estrangeiros para cerca de 260 dias surfáveis” no mar português. Isto significa que os perigos também aumentaram: “Estamos a atingir elevados níveis de praticantes simultâneos dentro de água, o denominado crowd, não só ao fim de semana, como durante todo o ano”.

Os acidentes relacionados com estes desportos aquáticos estão entre os mais comuns nas praias nacionais. Segundo fonte oficial da Autoridade Marítima Nacional, as colisões com pranchas de surf, kitesurf, bodyboard e skimming são atualmente um dos sete acidentes que mais têm acionado a assistência do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN).

‘Etiqueta’, registo e acreditação de escolas

A situação está a preocupar as autoridades que decidiram lançar ações de prevenção e de promoção de regras no mar. Só o ISN, em parceria com o Lidl, desenvolveu este ano 58 ações de sensibilização no âmbito do projeto Surf Salva. O objetivo é ensinar os desportistas a prestar auxílio numa perspetiva de “segurança ativa”.

Também para os surfistas esta questão é “prioritária”. “Temos investido num trabalho conjunto com as entidades e autoridades responsáveis”, diz João Aranha, garantindo que o assunto se tornou fulcral “nos cursos de formação de treinadores”.

A FPS desenvolveu, aliás, um projeto para aumentar a “consciência das regras de segurança, convivência e respeito na água”, o Surf Etiquete. O objetivo da iniciativa, desenvolvida com a Youth Culture Agency, e que ainda precisa de apoios para avançar, é instalar uma “rede de sinalética comum e coerente” nas várias praias de surf do país, avança aquele responsável.

A acreditação e regulação das escolas de surf, windsurf, bodyboard e bodysurfing que se vão instalando ao longo da costa é outra prioridade da FPS.

A organização já está a tomar medidas internas. “Todas as escolas registadas têm de apresentar comprovativos do seguro de responsabilidade civil e do seguro de acidentes pessoais”, refere Aranha, dizendo que os estabelecimentos têm ainda de nomear como responsáveis técnicos com elevada formação em segurança. “Temos trabalhado de perto com a Autoridade Marítima, através das capitanias, e com o Turismo, para acertar estratégias e gerir a situação séria das escolas com técnicos sem formação”, revela o responsável da FPS que espera, assim, “aumentar as garantias de maior exigência da segurança no mar”.

sonia.balasteiro@sol.pt