Poucos minutos depois, o ex-primeiro-ministro saia acompanhado por Manuel Costa Reis, companheiro da sua ex-mulher Sofia Fava, e pelo assessor, Nuno Fraga Coelho. Sem escolta policial como a sua defesa já havia garantido.
Sócrates chegou às 13.30 à sua secção de voto, perto do Marquês de Pombal, e esperou alguns minutos pela sua vez. Enquanto esteve na fila, tinha uma cascata de jornalistas e fotógrafos, que se amontoavam em cima de cadeiras e mesas. A hora coincidiu com a que o presidente da República escolheu para ir às urnas, numa escola de Lisboa.
Entre os que ali estava para votar havia, críticos dos jornalistas e do ex-primeiro-ministro. Depois de algumas saudações, o grito mais duro chegou quando Sócrates já se preparava para sair: “Ele é um preso!”. Mas foi logo interrompido. "Deus é grande e o senhor também", atirou um dos homens que estava na secção de voto.
À porta do stand da Seat, onde votou, parou e pediu calma aos jornalistas: “Vou fazer uma breve declaração para recordar aquilo que já disse.”
Na primeira declaração pública desde que está em prisão domiciliária, Sócrates quis deixar claro que tem tempo para contar a sua versão dos factos: “Há um tempo para tudo e eu tenho tempo. Há muito aprendi a ter confiança e a esperar. Este é um tempo e um dia em que o país toma decisões importantes e por isso é preciso respeitar este tempo.”
Enquanto falava do seu direito a votar, voltou a lançar uma farpa ao juiz Carlos Alexandre e ao procurador Rosário Teixeira, lembrando que não pediu qualquer autorização para sair de casa. “Exerci esse direito de voto como se faz numa democracia, sem nenhuma espécie de autorização e sem nenhuma custódia. Foi portanto um exercício de livre”, disse.
O ex-governante acabou a sua declaração voltando a afirmar que não quer misturar o seu caso com as eleições: Este é um tempo de eleições de o país tomar decisões importantes e mais tarde terei tempo para falar convosco.”
Imagens Carlos Diogo Santos/SOL