"Este é o momento certo para construir uma alternativa que, respondendo ao sentido de voto maioritário do eleitorado, abra as portas a uma nova política, que valorize o trabalho e os trabalhadores, promova uma justa distribuição da riqueza, a criação de emprego com direitos, a aposta na produção nacional, a defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, a afirmação de Portugal como país independente e soberano", disse o secretário-geral da CGTP em conferência de imprensa.
Arménio Carlos explicou aos jornalistas que a Intersindical não está a pedir que a governação seja feita pelos partidos da oposição, mas que estes "possam convergir para dar resposta aos problemas dos portugueses".
O sindicalista apresentou à imprensa as conclusões da comissão executiva da Inter sobre as eleições legislativas.
"Nas eleições de 04 de Outubro, os trabalhadores e o povo votaram maioritariamente contra o Governo PSD/CDS, contra a política de direita, contra os cortes nos salários e nas pensões, contra o ataque à contratação coletiva e os direitos laborais e sociais, a precariedade e o desemprego, o aumento da carga fiscal sobre os trabalhadores e os pensionistas, as privatizações, a destruição da Escola Pública e do Serviço Nacional de Saúde e a tentativa de transformar a Segurança Social pública, universal e solidária, num sistema assistencialista", disse.
A CGTP salientou "a abstenção elevada" e "a forte penalização da coligação PSD/CDS", que "perdeu mais de 700 mil votos", caiu 12 pontos percentuais e perdeu mais de 20 deputados, "sendo este o seu segundo pior resultado desde 1976".
"Em 2015, PSD e CDS juntos tiveram um resultado inferior ao obtido apenas pelo PSD nas eleições para a Assembleia da República de 2011", referiu o líder da CGTP.
Segundo aArménio Carlos, a nova composição do Parlamento perspetiva "maiores potencialidades para responder aos inúmeros problemas e desafios com que os trabalhadores e o povo estão confrontados e para a efetivação de uma política contra a exploração, as desigualdades e o empobrecimento".
"Tal facto implica que os restantes partidos que hoje constituem a maioria na Assembleia da República concretizem os compromissos assumidos com o eleitorado e convirjam na defesa de propostas que respondam às necessidades e anseios dos trabalhadores e na rejeição da perpetuação da política do PSD/CDS", defendeu.
A CGTP-IN convocou hoje o Conselho Nacional e o Plenário de Sindicatos, para 14 e 15 de outubro, respetivamente, para "perspetivar a intensificação da luta reivindicativa nos locais de trabalho da Administração Pública, do setor empresarial do Estado e do setor privado, com vista a responder aos problemas com que os trabalhadores e suas famílias se debatem".
A CGTP-IN decidiu ainda que vai pedir audiências aos partidos representados na Assembleia da República para lhes apresentar a sua Política Reivindicativa para 2016 e para os confrontar com as "propostas que concretizam uma política verdadeiramente alternativa, de esquerda e soberana".
"Nós temos uma visão estratégica para o desenvolvimento do país. Não somos um partido, mas não abdicamos de dizer qual o modelo de desenvolvimento que queremos para o país, porque o desenvolvimento do país é indissociável dos anseios dos trabalhadores", defendeu Arménio Carlos.
Lusa/SOL