O homem de 50 anos é acusado da prática de dois crimes de homicídio qualificado na forma consumada e um crime de homicídio qualificado na forma tentada, que ocorreram na madrugada de 20 de outubro de 2014.
Segundo o despacho de acusação do Ministério Público (MP), nessa madrugada o arguido desferiu vários golpes na mulher e nas duas filhas e terá tentado suicidar-se posteriormente, após pensar que estariam as três mortas.
O arguido, que estava casado desde 1993, viu a relação deteriorar-se nos dois anos anteriores ao crime, "situação que se agravou" depois de este ter ficado desempregado.
Na noite de 19 de outubro para 20 de outubro, o homem de 50 anos, técnico de informática, quando se apercebeu de que as filhas se dirigiam para o quarto, "aproximou-se da mulher com o intuito de com ela manter relações sexuais", situação que esta terá recusado, tendo dado "a entender que pretendia o termo do casamento", relata o Ministério Público.
De seguida, o arguido ter-se-á dirigido à cozinha, de onde retirou uma faca de cozinha com uma lâmina de 13 centímetros de comprimento e voltou à sala, onde a mulher se encontrava, e "desferiu uma sucessão de golpes na região torácica e abdominal" do corpo da vítima.
A mulher começou a gritar e a fugir em direção à saída da sala, tendo surgido as filhas, alarmadas pelos gritos, que tentaram agarrar o pai.
Depois da faca que empunhava se ter partido, o arguido, de acordo com o MP, terá voltado à cozinha e regressou "com duas facas na mão esquerda e uma na mão direita" e, "de forma indiscriminada, desferiu vários golpes" na mulher e filhas.
O Ministério Público refere que, apesar dos gritos de socorro das filhas e de uma ter dito que era "demasiado nova para morrer", o arguido terá continuado a desferir golpes na mulher e filhas.
O homem só terá parado depois de pensar que as três vítimas estariam mortas, tendo tentado suicidar-se posteriormente.
Às 01h15, a GNR chegou ao local e encontrou o arguido "deitado na cama ainda com uma faca na mão".
"Se não era para mim, não seria para mais ninguém", referiu o arguido à PJ, quando interrogado.
O arguido está preso preventivamente no Estabelecimento Prisional de Leiria.
Em 2014, foram assassinadas em média quatro mulheres por mês em Portugal no contexto de relações de intimidade, segundo dados do relatório anual do Observatório das Mulheres Assassinadas (OMA), da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que dão conta da morte violenta de 40 mulheres, em 2014.
Na região Centro, segundo o Gabinete de Apoio à Vítima (GAV) de Coimbra, foram registados 1.038 crimes de violência doméstica em 2014, em que a grande maioria das vítimas é do sexo feminino (86,5%).
Lusa/SOL