Presidente do Eurogrupo: Resultado ainda é “um pouco ambíguo”

O presidente do Eurogrupo considerou hoje que o resultado das eleições legislativas em Portugal é “um pouco ambíguo”, face à ausência de uma maioria absoluta da coligação, e disse que há que esperar para “ver o que acontece”.

Falando à entrada para uma reunião de ministros das Finanças da zona euro, no Luxemburgo, Jeroen Dijsselbloem refutou ainda a ideia de que, neste novo mandato, o Governo tenha margem de manobra para inverter as políticas de austeridade que tem seguido, já que, sustentou, "a situação económica e financeira de Portugal" não mudou só porque houve eleições.

Questionado sobre o desfecho das eleições legislativas de domingo em Portugal, o presidente do Eurogrupo considerou que "o governo português tomou algumas medidas muito duras e, nesse sentido, é uma boa notícia que um governo possa ainda ganhar eleições depois de tomar tais medidas quando necessárias".

"Por outro lado, o resultado das eleições ainda é, para mim, um pouco ambíguo. Por isso vamos ver o que a nova situação traz", acrescentou.

Referindo-se em concreto às dificuldades que o novo governo poderá enfrentar no parlamento face à perda de maioria absoluta, o presidente do Eurogrupo comentou que basta olhar para tudo o que se passou na zona euro para se verificar que "a estabilidade política é importante em todo o lado". 

"Mas há democracia, e a democracia nem sempre traz estabilidade. Vamos ver o que acontece", observou.

Por fim, quando questionado sobre se um governo PSD-CDS terá num segundo mandato mais margem de manobra para aliviar a austeridade em Portugal, Dijsselbloem defendeu que "a situação económica e financeira de Portugal não muda do dia para a noite por causa de eleições".

"É sempre o problema com qualquer novo ou antigo governo, é que tem de lidar com os mesmos problemas. Por isso não, não acho que haja razões para grandes mudanças nas políticas neste momento", concluiu.

A coligação formada por PSD e CDS-PP venceu com 38,55% dos votos (o que representa 104 deputados), tendo perdido a maioria absoluta, e o PS foi o segundo partido mais votado, com 32,38% (85 deputados), estando ainda por atribuir quatro assentos na futura Assembleia da República, referentes aos círculos da emigração.

Lusa/SOL