Nobel da Física distingue japonês e canadiano por trabalhos sobre neutrinos

O prémio Nobel da Física foi hoje atribuído ao japonês Takaaki Kajita e ao canadiano Arthur B. McDonald pelos seus trabalhos sobre os neutrinos, partículas elementares.

Os dois cientistas descobriram que os neutrinos, que são partículas cósmicas, têm massa.

O júri da Real Academia de Ciências Sueca distinguiu as descobertas de Kajita e McDonald quanto "às oscilações dos neutrinos", uma descoberta que permite compreender o funcionamento interno da matéria e, dessa forma, conhecer melhor o universo.

"A descoberta levou à conclusão, de considerável alcance, de que os neutrinos, durante muito tempo considerados como não tendo massa, devem ter uma massa, embora pequena", escreveu o júri, congratulando-se com a "descoberta histórica".

Os neutrinos resultam de reações nucleares e, juntamente com os protões, são as partículas mais abundantes no universo.

A sua existência foi pela primeira vez referida em 1930, mas só foi provada nos anos 1950, quando os reatores nucleares começaram a produzir feixes de partículas.

A teoria prevalecente era que os neutrinos não tinham massa, mas as experiências realizadas por Kajita, no Japão, e McDonald, no Canadá, demonstraram que têm.

Os dois cientistas descobriram que muitos neutrinos que se deslocam do Sol para a Terra — neutrinos eletrões — "oscilaram" e transformaram-se em partículas diferentes, o que implica, segundo as regras da física quântica, que tenham massa.

Takaaki Kajita nasceu em 1959 em Higashimatsuyama, no Japão, e doutorou-se em 1986 pela Universidade de Tóquio, onde é professor catedrático e dirige o Instituto de Investigação de Raios Cósmicos.

Arthur B. McDonald nasceu em 1943 em Sydney, no Canadá, doutorou-se em 1969 no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena (Estados Unidos) e é catedrático emérito da Universidade de Queen's, em Kingston, no Canadá.

Os dois vão repartir o prémio, de oito milhões de coroas suecas (cerca de 855.000 euros).

A semana dos Nobel 2015 começou na segunda-feira com a atribuição do prémio da Medicina ao irlandês William Campbell, ao japonês Satoshi Omura e à chinesa Tu Youyou, por lançarem as bases para o desenvolvimento de terapias que transformaram o tratamento de doenças causadas por parasitas.

Quarta-feira é anunciado o Nobel da Química, na quinta-feira o da Literatura e na sexta-feira o da Paz. A semana termina na segunda-feira, com o anúncio do Nobel da Economia.

Os prémios serão entregues na cerimónia formal em Estocolmo a 10 de dezembro, aniversário da morte do filantropo e cientista sueco Alfred Nobel.

Lusa/SOL