A coligação ganhou as eleições porque o governo pôs o país em primeiro lugar e fez o que tinha de ser feito. Nenhum povo gosta de austeridade, de aumento de impostos, cortes nos salários e nas pensões. Os portugueses sabem que não foi por maldade, mas por necessidade absoluta para sair da bancarrota. Foram cometidos erros, o que é normal, para quem tem a responsabilidade de governar. Só não erra quem nada faz!
O momento da verdade foi quando Passos Coelho não aceitou a demissão de Paulo Portas e conseguiram manter a coligação até ao fim. Foi a primeira coligação a cumprir a legislatura o que deu confiança ao povo português. A coerência de discurso da coligação foi o ativo mais importante e os portugueses preferiram o conhecido (governo PSD-CDS) do que o incerto e arriscado (programa PS).
O PS perdeu as eleições porque não foi capaz de atrair os 746.000 portugueses que deixaram de votar na coligação e não conseguiu roubar votos ao PCP e ao BE. E por que não o conseguiu fazer? Por vários motivos a começar na forma como afastou António José Seguro da liderança do PS, o discurso radical de que tudo estava mal não correspondia com a realidade e porque no último dia de campanha circulou a ideia de que a coligação embora ganhando, podia não governar se o PS tivesse mais deputados do que o PSD e fizesse uma maioria de esquerda!
António Costa que não se iluda, pois o Presidente nunca irá dar posse a um governo de frente popular chefiado pelo partido derrotado e com partidos que não respeitam os tratados assinados por Portugal. O PS depois de duas vitórias, nas Autárquicas e nas Europeias, teve uma derrota estrondosa, pois António Costa lutava pela maioria absoluta e perdeu! O discurso de Fernando Medina no 5 de Outubro veio centrar o PS no papel histórico que sempre desempenhou na democracia portuguesa.
António Costa deve pensar duas vezes antes de fazer discursos, pois os marcianos desceram à terra na Alemanha, após as eleições, com um governo CDU e SPD. Deve também olhar para o que os seus camaradas fizeram na Suécia, pois há um governo minoritário com um acordo no parlamento com mais 4 partidos.
Os portugueses também disseram que a comunicação social e mediática, com honrosas exceções, passou os últimos 4 anos a fomentar o discurso dos profetas da desgraça. Deve ser feita uma avaliação do comportamento da comunicação social e mediática, para que a opinião publicada passe a refletir a realidade do país e não se tente condicionar a opinião pública.
A comunicação social e mediática, com honrosas exceções, mostrou falta de rigor, seriedade e isenção nas notícias apresentadas. Para além da escolha do título e da forma de apresentar a notícia, muitas vezes o título não batia com a notícia e chegava a ser o seu oposto. Quantas vezes em vez de apresentarem o copo meio cheio o apresentaram meio vazio?
Nos programas de debate havia comentadores que deixaram de falar de uma forma séria, com isenção, serem intelectualmente honestos, não mentirem, não serem demagogos e não alinharem em campanhas de desinformação.
A comunicação social e mediática funciona em circuito fechado, em que todos tendem a reproduzir a opinião dominante e funciona como os mercados financeiros em "manada", quando a bolsa desce desata tudo a vender e quando há a inversão da tendência desata tudo a comprar e a bolsa sobe.
Embora os jornalistas vivam lado a lado com os políticos, a comunicação social não é o quarto poder nem contra-poder. Parece-me, no entanto, que a grande maioria dos jornalistas não pensa, nem atua assim! A comunicação social deve ser independente do poder político e económico, deve ser séria e isenta na avaliação que faz das situações, não tem de ser contra o governo nem a favor da oposição, nem vice-versa, pelo contrário deve apoiar o que estiver correto e criticar o que estiver errado, baseando-se sempre nos factos, independentemente se são do governo, das oposições, do presidente ou da sociedade.
Como já tenho escrito, há jornalistas, analistas, comentadores políticos e lideres de opinião que confundem liberdade de expressão com dizerem aquilo que lhes apetece ou que lhes vem à cabeça quer seja verdade ou mentira!!!