"Seria uma obscenidade política se o próximo Governo viesse, por absurdo, a ser liderado por quem perdeu as eleições. Quem perde as eleições não pode governar o país", afirmou Pires de Lima, quando questionado pelos jornalistas sobre como via as aproximações entre PS e PCP, depois dos resultados das legislativas de domingo.
"Seria também algo impossível de explicar uma coligação de Governo [constituída por PS, PCP e Bloco de Esquerda] construída como oposição à coligação que ganhou as eleições", afirmou.
O ainda ministro da Economia disse ter dúvidas que PS, PCP e Bloco de Esquerda consigam formar uma coligação, pelos entendimentos diferentes que têm face à Europa: "O PCP defende a saída do euro, o Bloco de Esquerda defende a reestruturação agressiva e unilateral da dívida. Nenhum destes universos é conciliável com um partido fiel à Europa e respeitador dos compromissos europeus, como até aqui tem sido o PS".
Pires de Lima sublinhou que "quem ganhou as eleições foi a coligação suportada pelo PSD e CDS" e que, por isso, "seria uma obscenidade política se o próximo governo viesse, por absurdo, a ser liderado por quem perdeu as eleições. Quem perde as eleições não pode governar o país".
Confrontado com o facto de a maioria dos eleitores não ter votado no PSD/CDS-PP (que venceu as eleições mas sem maioria absoluta), mas sim nos partidos à esquerda, o ministro da Economia disse que, ainda assim, a maior parte dos eleitores preferiram a coligação ao PS.
"Houve 60% das pessoas que não votaram na coligação. Houve quase 70% das pessoas que não votaram no PS. Há mais pessoas a não querer o PS, do que aquelas que não votaram na coligação", disse o ministro.
"E mais do que isso: houve 90% das pessoas que não votaram no Bloco de Esquerda. Houve também 90% que não votaram no PCP, que não quiseram os dois partidos no Governo", acrescentou.
Por isso, considerou Pires de Lima, "só faltava que como consequência destas eleições, formássemos no Governo em que estivessem no Governo aqueles em que 90% dos portugueses não votaram".
No caso de um Governo de esquerda, seria um "absurdo, uma obscenidade política, uma falta de respeito pelo que foram os votos e desejos expressos pela generalidade da população portuguesa", repetiu o ministro.
Lusa/SOL