“Sublinho que as condições destas pessoas que vêm são muito diferentes das dos portugueses, pois vêm de uma situação de guerra, mas é preciso não esquecer que há muitas pessoas a passar dificuldades em Portugal”, afirmou ao SOL Eugénio Fonseca. O responsável nacional da Cáritas, que integra a comissão executiva da Plataforma de Apoio a Refugiados, reconhece “que há mais xenofobia em Portugal do que se pensa”, e diz já ter recebido algumas mensagens e reações que espelham esse desagrado junto de quem está no terreno. “É preciso ter atenção que há várias razões para esta hostilidade e uma delas está relacionada com o facto de as pessoas ainda estarem a sofrer os efeitos da austeridade e não perceberem bem que são situações muito diferentes”.
Eugénio Fonseca diz ainda que alguns católicos estão preocupados com o acolhimento destes refugiados por serem muçulmanos. “Há algum medo da islamização do país. Mas não faz sentido porque aqui ninguém vai impor nada a ninguém. A diversidade de culturas só enriquece”, acrescenta.
Ontem foi também conhecido o número de instituições da sociedade civil que estão a trabalhar para acolher os refugiados. Entre as 115 entidades que se inscreveram na Plataforma de Apoio aos Refugiados, que reúne organizações desde câmaras, paróquias, até a congregações religiosas, estão cerca de 50 entidades católicas.
A solução para uma melhor integração destas pessoas passa pela sua dispersão pelo país, defende Eugénio Fonseca, considerando que só assim é possível “garantir a coesão social”.