Ricciardi acusa supervisor de fazer ‘gestão política dos processos contra-ordenacionais’

A defesa do antigo presidente do BES Investimento, atual Haitong Bank, diz que Banco de Portugal está a ser “acusador e justiceiro” ao acusar todos os ex-administradores do BES “por igual”.

José Maria Ricciardi, primo de Ricardo Salgado e banqueiro ainda em funções, foi acusado de praticar, com dolo, três infrações no segundo processo sancionatório do Banco de Portugal, relativo a irregularidades praticadas no BES Angola (BESA).

Pedro Reis, advogado de Ricciardi, já reagiu à acusação, afirmando que o Banco de Portugal de está a “camuflar" as suas responsabilidades, garantindo que afastar Salgado estava ao alcance do supervisor. Para Ricciardi, Carlos Costa está a fazer uma “gestão política” dos processos e afirmar-se como “acusador e justiceiro”.

O advogado de Ricciardi, Pedro Reis, nega categoricamente que Ricciardi tivesse tido conhecimento do que se passava no BESA antes de 2014 e garante que nunca participou em reuniões da comissão executiva do BES que aprovasse, reforçasse ou renovasse qualquer linha de crédito à subsidiária angolana, desde abril de 2013 até junho de 2014.

“Não é legítimo que o Banco de Portugal ser arvore em acusador e justiceiro, atingindo todos os membros da comissão executiva do BES por igual, relativamente a uma área de atuação em que as responsabilidades que lhe são inerentes não podem ser silenciadas”.

“Não cabia ao meu representado o pelouro do relacionamento com o BESA, nem foi alguma vez chamado a intervir na atividade dessa subsidiária”, lê-se no comunicado.

A defesa de Salgado vai mais longe e, pela primeira vez, tece acusações ao supervisor: “O banco de Portugal faz, lamentavelmente, uma gesta política dos processos contra-ordenacionais, visando camuflar as responsabilidades que lhe são atribuíveis, de forma a esconder que estava ao seu alcance determinar o afastamento do Dr. Ricardo Salgado, desde dezembro de 2013”.

As imputações formuladas a Ricciardi “estão longe de corresponder à verdade, omitindo o Banco de Portugal de forma grave o conhecimento de que dispunha sobre a impossibilidade de avaliação da carteira de clientes do BESA”.

No comunicado com 10 pontos, o advogado de Ricciardi termina com um alerta: “As imputações formuladas contra o meu representado e os prejuízos que eles lhe acarretam terão a devida resposta em sede própria”.

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sandra.a.simoes@sol.pt