Síria: ‘Jihadistas’ pagam até 8,7 mil euros a recrutadores

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) paga até 10 mil dólares (8,7 mil euros) aos recrutadores que conseguem levar voluntários para as fileiras ‘jihadistas’ na Síria, afirmaram hoje, em Bruxelas, peritos das Nações Unidas.

Estes intermediários, que muitas vezes trabalham a partir da Síria, "são pagos em função do número de pessoas recrutadas e da aceitação dos voluntários em casarem de seguida", indicou o grupo de peritos da ONU, que investigou as atividades dos combatentes estrangeiros que viajam para as zonas de combate e que hoje apresentou na capital belga um relatório preliminar da investigação.

"Fomos informados de casos em que os recrutadores recebem (…) até 10 mil dólares, em função de quem é recrutado. Depende das capacidades da pessoa. Se é alguém com um nível elevado de educação, como um informático ou um médico, eles recebem mais", afirmou a advogada polaca Elzbieta Karska, que lidera este grupo de trabalho da ONU.

"Eles são pagos pelo Daesh [acrónimo árabe do grupo Estado Islâmico]", indicou uma outra especialista da delegação da ONU, a chilena Patricia Arias, acrescentando que quando existe um contacto pessoal direto "a radicalização é mais rápida".

O relatório hoje apresentado referiu que existem diversos perfis de combatentes, precisando, no entanto, que a idade média dos recrutas 'jihadistas' estrangeiros ronda os 23 anos e meio e que as mulheres começam a ser cada vez mais. 

Quanto aos motivos, o documento indicou que também são variados: "convicção religiosa", "razões humanitárias" ou "espírito aventureiro".

"O perfil não está sempre associado aos que são afetados pelo desemprego. Muitos vivem em boas condições materiais", sublinhou Elzbieta Karska.

Com números que variam "entre os 375 e os 500 combatentes", segundo as estatísticas fornecidas pelas autoridades belgas ao grupo de peritos da ONU, a Bélgica foi o país da União Europeia (UE) que viu partir o maior número de elementos para as fileiras 'jihadistas' na Síria e no Iraque, em termos proporcionais à sua população.

Em termos absolutos, a Tunísia é o país com o maior número de voluntários que optaram por integrar o grupo radical sunita.

Lusa/SOL