Blair comprometeu Reino Unido na Guerra do Iraque um ano antes da invasão

O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair ter-se-á comprometido a juntar-se aos Estados Unidos na Guerra do Iraque um ano antes da invasão de 2003, indicam documentos obtidos pelo jornal Mail on Sunday, hoje divulgados.

As revelações focam-se num documento alegadamente redigido pelo antigo secretário de Estado norte-americano Colin Powell, a 28 de março de 2002, ao então Presidente dos Estados Unidos George Bush, uma semana antes do encontro do líder norte-americano com Blair no seu rancho em Crawford, no Texas.

"Sobre o Iraque, Blair vai estar connosco devendo ser necessárias operações militares", escreveu Powell, segundo o documento publicado no 'site' do jornal.

"Ele está convencido relativamente a dois pontos: a ameaça é real e o sucesso contra Saddam [Hussein] vai render mais sucesso regional", disse Powell, referindo-se ao antigo líder iraquiano, que foi deposto na invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003.

O Mail on Sunday refere que este documento e outros, de teor sensível, faziam parte de um conjunto de 'e-mails' secretos mantidos no servidor privado da candidata presidencial democrata Hillary Clinton que os tribunais norte-americanos a forçaram a revelar.

Numa citação separada, Powell assegura a Bush: "O Reino Unido vai seguir a nossa liderança no Médio Oriente", enquanto outras afirmações sugerem a disposição de Blair para apresentar "linhas estratégicas" para fortalecer o apoio público à Guerra do Iraque.

Blair, que foi primeiro-ministro entre 1997 e 2007, negou repetidamente que tenha 'corrido' para a guerra. Sob a sua liderança, a Grã-Bretanha deu o segundo maior contributo em termos de tropas para a invasão, tendo as forças britânicas permanecido estacionadas no país até 2011.

A decisão de apoiar a invasão é atualmente profundamente impopular na Grã-Bretanha e tem perseguido o Partido Trabalhista de Blair desde então.

O gabinete de Cameron ainda não teceu comentários sobre o assunto.

Lusa/SOL