"Irei voltar dentro de poucos dias e irei reunir-me com os líderes da Rússia, Turquia, Arábia Saudita e Jordânia (…) para explorar opções que possam talvez reacender o processo político e levar a uma transição política na Síria", declarou o secretário de Estado norte-americano, que hoje terminou em Madrid um breve périplo pela Europa.
Em Moscovo, uma fonte citada pela agência noticiosa Ria Novosti indicou que o encontro entre Kerry e os seus homólogos russo e saudita — países que apoiam lados opostos na guerra na Síria -, poderá ser realizado "em breve" em Viena, Áustria.
Washington considera que tem a responsabilidade "de tentar evitar a destruição total e completa da Síria", temendo as potenciais consequências negativas naquela região e um possível agravamento na vaga de migração, segundo explicou John Kerry, após um encontro com o seu homólogo espanhol. Jose Manuel Garcia-Margallo, na capital espanhola.
"Temos o interesse moral de tentar travar esta catástrofe em evolução", reforçou.
Até à data, cerca de 12 milhões de sírios — metade da população — foram obrigados a fugir das respetivas casas ou a procurar refúgio em outros países.
O conflito sírio já fez mais de 250 mil mortos, dos quais cerca de 74 mil são civis, desde março de 2011, segundo os números mais recentes do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
"O nível de migração na Europa é perigoso em muitos aspetos" por causa da dificuldade dos países em lidarem com o fenómeno, referiu o representante norte-americano, advertindo que "a ameaça de chegarem ainda mais [refugiados] se a violência continuar e a Síria implodir é real".
Uma nova vaga de refugiados teria, segundo John Kerry, "grandes implicações, a longo prazo, na segurança", não só na União Europeia (UE) mas também nos países vizinhos da Síria: Turquia, Líbano e Jordânia.
O chefe da diplomacia norte-americana disse também temer as consequências dos ataques aéreos russos na Síria, receando a possibilidade de a Rússia "estar simplesmente a apoiar a manutenção do [Presidente sírio Bashar) al-Assad".
Kerry afirmou recear ainda que a campanha aérea russa na Síria possa "atrair mais 'jihadistas' para o combate e aumentar o número de refugiados".
"Mas, se a Rússia está lá para ajudar a encontrar um caminho para uma solução política e, simultaneamente, combater o Daesh (acrónimo árabe do grupo Estado Islâmico), existe uma possibilidade para explorar um caminho completamente diferente. Precisamos de sentarmo-nos e conversar para explorar essas oportunidades", concluiu Kerry.
Lusa/SOL