Eu sempre o fiz por prazer, sem tempo para produzir músicas como gostaria. Fiz o meu percurso atrás das cabinas na sequência do meu antigo amor pelos acordes, instrumentos ou batidas, e acompanhando o meu percurso de relações públicas, sempre definido pela facilidade no relacionamento com pessoas e pela felicidade que tenho em agradar com as minhas escolhas ou serviços – a quem os acolhe, aos meus amigos, tendo passado depois para o público em geral. É assim nas festas que produzo, é assim quando visto a pele de Corto Maltese, DJ herói da BD, que aprendi a gostar quando em tempos me desafiaram a adotar esse nome pelo mistério que me une à personagem.
De facto, a sensação atrás da cabina, que une o próprio prazer que retiramos de estarmos nós próprios a degustar a música, e vermos as pessoas que estão à nossa frente a vibrar com o nosso gosto musical, com as escolhas que fazemos para determinado evento ou festa, é como a de um arrepio na espinha. Um preenchimento que vem de dentro e que nos toca o que de mais profundo temos. Tal é o mix de sensações que nos transmite.
Todos nós temos os nossos gostos pessoais, que tentamos seguir na medida do que o tempo nos permite. Quando o conseguimos conciliar com as nossas obrigações profissionais, ficamos, no fundo, com uma dupla satisfação do mesmo momento. É por isso que tal como os jogadores de futebol, os atores e os artistas, os DJ são uns privilegiados. Conseguem estar no centro da festa, onde as paixões se transmitem de uma forma mais intensa e guiam a multidão pelo caminho que definem. Conseguirmos fazer o que mais gostamos é magia em forma de felicidade – partilharmos com os outros os nossos segredos e a nossa técnica e proporcionarmos às pessoas que dançam à nossa frente momentos perfeitos é, garantidamente, pele de galinha no braço. E isso é o que todos procuramos num plano emocional.