"As forças armadas russas e jordanas chegaram a acordo para coordenar as suas ações, incluindo as das respetivas forças aéreas, na Síria", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, depois de se reunir com o homólogo jordano, Nasser Judeh, à margem das reuniões de Viena.
Os contornos do acordo de coordenação não foram precisados, mas foi anunciado "um mecanismo" para a sua aplicação a instalar em Amã, capital da Jordânia.
Depois de Viena, o chefe da diplomacia norte-americana, John Kerry, tem previsto viajar para a Jordânia, aliada dos Estados Unidos e membro da coligação internacional que combate o grupo extremista Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Kerry e Lavrov estiveram reunidos a sós, alargando depois o encontro aos homólogos saudita, Adel al-Jubeir, e turco, Feridun Sinirlioglu, para negociar uma solução política que permita pôr fim à guerra na Síria, que desde 2011 fez mais de 250.000 mortos.
Antes, Estados Unidos, Arábia Saudita e Turquia tinham-se reunido a três.
As reuniões de Viena, uma iniciativa de Moscovo, foram a primeira iniciativa diplomática sobre o conflito sírio que juntou estes quatro países.
Estados Unidos e seus aliados participam numa coligação internacional que combate os 'jihadistas' e apoia os grupos rebeldes moderados opostos ao regime de Bashar al-Assad.
A Rússia, por seu lado, aliada determinante de Assad, lançou há três semanas uma campanha de bombardeamentos aéreos que, segundo os ocidentais, tem visado rebeldes moderados, numa tentativa de enfraquecer a oposição e reforçar a posição do presidente sírio.
Em Viena, Lavrov disse-se favorável a conversações para uma "resolução política" do conflito que junte o governo de Assad e "o espectro completo" da oposição e negou que as conversações sejam sobre o destino do presidente sírio.
"Os nossos parceiros estão obcecados com a figura do presidente da Síria, mas nós confirmámos a nossa posição: o destino da Síria e o destino do presidente vão ser decididos pelos sírios", disse.
Os Estados Unidos exigiram o afastamento imediato de Bashar al-Assad como condições prévia para conversações políticas, mas nos últimos meses moderaram essa posição, mantendo que Assad é um obstáculo a uma solução política, mas afirmando que o calendário é negociável.
A Arábia Saudita, contrária ao regime sírio, defende também o afastamento de Assad, mas admite que se mantenha no cargo até à formação de um governo de transição.
A Turquia, também contrária ao regime, considera "possível" um processo de transição com o presidente sírio.
Em Viena esteve também representada França, embora sem participação direta na reunião quadripartida, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, anunciou a intenção de apresentar um projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU para proibir as forças sírias de utilizarem bombas-barril.
Fabius anunciou também a realização, na próxima semana em Paris, de um encontro Alemanha, Reino Unido, Arábia Saudita e Estados Unidos, "para fazer avançar" as conversações.
Questionado sobre uma presença da Rússia nessa reunião, Fabius disse "pensar que não", acrescentando que "haverá outras reuniões para trabalhar com os russos".
Lusa/SOL