A sopa que toda a gente gosta ‘cozinhada’ por Paula Rego

Mãe e filha juntaram-se para trocar por miúdos a tradicional história da sopa da pedra. Só que falta acrescentar um ponto ao enredo: as ilustrações saíram das mãos da pintora Paula Rego, que se juntou à filha Cas Willing para trazer esta receita servida em forma de conto.

«Tu, minha filha, és jovem e forte… Tu hás de arranjar comida». Assim começa a aventura da protagonista desta história, que tem a particularidade de existir em várias culturas ocidentais. Num cenário de fome, onde o mar já não tem peixes, a horta secou e já não há mais nada para comer, uma jovem – na história original é um frade – põe-se a caminho para conseguir arranjar comida e assim salvar a família.

Mas o que parecia um desígnio que estava ao seu alcance, rapidamente se torna uma missão (quase) impossível. Os habitantes de uma aldeia vizinha, apesar de terem hortas recheadas, pão no forno e comida com fartura, recusam-se a ajudar a jovem que acaba por regressar a casa de mãos à abanar.

Perante tal cenário, só a inteligência e a perspicácia a podem salvar. Pega então na maior panela que tem em casa, põe o avental da mãe, vai buscar lenha e resolve fazer uma sopa em plena praça. Tem apenas um ingrediente – uma pedra – e os vizinhos, curiosos, vão-se aproximando, querendo provar daquele manjar. Para tornar ainda mais saborosa a sopa, cada um oferece-se para lhe juntar um ingrediente.

A história foi escrita por Cas Willing – com dois filhos e a morar em Londres –, já habituada a desenvolver vários argumentos infantis para televisão. A sua carreira começou depois de se ter licenciado com distinção na Central School of Arts. Fez a seguir o mestrado no Royal College of Art e começou imediatamente a trabalhar na indústria cinematográfica – em produções como Um Porquinho Chamado Babe ou A Guerra das Estrelas.

Quanto à mãe, Paula Rego, dispensa apresentações. E, apesar de o livro ser para maiores de seis anos, há muitos pais que não vão querer perder as 14 ilustrações que uma das mais talentosas pintoras portuguesas fez para ilustrar esta tradicional história da cultura popular. l

patricia.cintra@sol.pt