Ângelo Veiga Tavares, que falava em conferência de imprensa, realizada hoje no âmbito das comemorações dos 40 anos de independência angolana, disse que chegou a essa conclusão por análises que fez e com base na avaliação por psicólogos.
"E posso dar aqui um exemplo, nas suas reuniões, que alguns insistem que era para analisar um livro, e faziam a abordagem da incursão ao palácio presidencial, com crianças nos ombros, com mulheres e velhos à frente, enquanto o seu colega de grupo Domingos da Cruz [autor do livro que era discutido] defendia, que se houvesse intervenção das forças armadas, eles deveriam desistir dessa incursão para o palácio presidencial, para forçar a demissão do Presidente da República, o jovem Luaty defendia que não deveriam recuar, que deveriam deixar-se morrer", disse o ministro.
Segundo Ângelo Veiga Tavares, "por aí já se vê que é um jovem que valoriza muito pouco o bem vida".
O governante angolano disse ainda que durante a greve de fome protagonizada por Luaty Beirão foi-lhe dada toda assistência no sentido da preservação da sua vida, frisando que o se verificou foi uma rejeição da ingestão de alimentos sólidos, compensada pela administração de alimentação intravenosa.
"Foi essa a intervenção que fizemos, preferimos por uma questão de prudência, e até porque era nosso dever e nós iríamos fazer tudo para preservar a vida desse jovem, preferimos transferi-lo para uma clínica de referência, onde foi confirmado aquilo que já tinha sido confirmado no sistema prisional", sublinhou Ângelo Veiga Tavares.
O titular da pasta das polícias confirmou o regresso de Luaty Beirão ao hospital-prisão de São Paulo, na terça-feira, de onde saiu a 15 de outubro, e onde se encontram os restantes 14 detidos desde junho passado, sob acusação do crime de atos preparatórios de rebelião e atentado contra o Presidente da República.
"E do último relatório que tive acesso, ele estava com uma hemoglobina de 14, se calhar é melhor do que muitos do que estão aqui presentes do ponto de vista de hemoglobina", ironizou o ministro.
Ainda sobre o período de greve de fome de Luaty Beirão, que terminou a 27 de outubro, o ministro disse que foram muitas as ações de solidariedade, inclusive da parte de políticos da oposição, para demover o jovem ativista do seu intento.
"Registamos, com algum agrado, a intervenção de partidos da oposição, que procuraram juntar-se ao nosso esforço no sentido de persuadir, particularmente, o jovem Luaty a não continuar na greve de fome e fomos abertos a todos quantos se predispuseram para o fazer", disse.
"O próprio senhor Rafael Marques [ativista e jornalista] conseguiu o meu número de telefone, ligou para mim, manifestou o interesse em recolher assinaturas dos demais para levar ao Luaty para demovê-lo, autorizamos, ele foi, recolheu as assinaturas, disse-nos que estava a preparar um texto que era para o Luaty depois assinar para levantar a greve de fome, vocês viram o texto preparado pelo senhor Rafael Marques, que depois foi assinado pelo Luaty [anunciando o fim da greve de fome] e tornado público", acrescentou.
Lusa/SOL