É reconhecido por terceiros, incluindo por agências de notação, que o imobiliário em Portugal, inclusivamente o imobiliário com vocação turística, não suportou uma explosão de preços, idêntica à que ocorreu noutros países da OCDE, pelo menos na última década do século XX e na primeira do século XXI, e tem, nos últimos tempos, mantido uma estabilidade pouco eufórica mas «sem sinais de uma bolha imobiliária».
Repito que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) elaborou em 2014 um estudo que comprova que os preços do imobiliário em Portugal, como na Alemanha e na Irlanda, são muito competitivos, pois estiveram quase sempre em baixa e com tendência para a valorização, ao contrário do que acontecia com o imobiliário do Reino Unido, da Nova Zelândia, da Austrália, do Canadá, da França e da Noruega.
Cruzando esta informação insuspeita com a reconhecida evidência de que a nossa melhor oferta imobiliária tem sido a que cruza caminhos com o turismo e com o turismo residencial, julgo que esta é a hora de insistir na consolidação dessa parceria de sucesso, alargando-a a outras geografias nacionais que não exclusivamente as centradas em Lisboa, no Porto e na região do Algarve.
Somos e continuamos a ser um dos países mais seguros para os capitais, com um turismo de qualidade crescente. Somos, principalmente no imobiliário, uma alternativa para os investimentos órfãos no contexto da crise financeira mundial, e um refúgio de confiança.
E não somos só Lisboa e Porto. Somos também o Alentejo, onde nasceu um dos maiores lagos artificiais da Europa; somos a bacia do Douro, navegável durante mais de 200 quilómetros (que atravessam a região demarcada do Douro hoje património mundial classificado pela UNESCO) desde a Foz, na cidade do Porto, a Espanha; e somos muitas cidades médias do interior com séculos de História em lugares que a natureza fez deslumbrantes.
Isto sem esquecer as ofertas únicas no Portugal Insular – o arquipélago dos Açores (nove ilhas de sonho, um dos três mais belos destinos de natureza numa classificação internacional) e o arquipélago da Madeira (destino turístico dos mais conhecidos no mundo) –, também a ter em conta no plano do turismo residencial, inclusivamente pelo facto de serem bem servidas por companhias de aviação, low-cost incluído.
Parafraseando Sebastião da Gama, o chamado poeta da Arrábida (outro destino português de excelência) autor de um dos mais belos poemas em Língua portuguesa – «(…) Pelo sonho é que vamos / Basta a fé no que temos. / Basta a esperança naquilo / que talvez não teremos. / (…)» –, direi hoje aqui, em nome da urgência de um desenvolvimento que se alargue a outras localizações que não exclusivamente Lisboa e Porto, que pelo turismo é que vamos.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente