Romance vencedor do Prémio LeYa é publicado terça-feira

O romance vencedor do Prémio LeYa deste ano, “O coro dos defuntos”, de António Tavares, chega às livrarias na próxima terça-feira, disse à Lusa fonte das Publicações D. Quixote, que chancelam a obra.

Sobre o romance, a mesma fonte adiantou à Lusa, que a ação narrativa decorre numa "pequena aldeia" portuguesa cujos "habitantes, profundamente ligados à natureza, se preocupam sobretudo com a falta de chuva e as colheitas, a praga do míldio e a vindima".

"Na taberna — espécie de divã freudiano do lugar — é disso que falam, até porque os jornais que ali chegam são apenas os que embrulham as bogas do Júlio Peixeiro", segundo a mesma fonte.

O pano de fundo é um mundo que vive "tempos de grandes avanços e convulsões: os estudantes manifestam-se nas ruas de Paris e, em Memphis [nos Estados Unidos], é assassinado o negro que tinha um sonho".

Na República Sul-Africana "transplanta-se um coração humano e o homem pisa a Lua", enquanto se "somam as baixas americanas no Vietname e a inseminação artificial dá os primeiros passos", prosseguiu.

Entretanto, na "pequena aldeia" portuguesa "passam-se coisas muito estranhas, como uma velha prostituta, que é estrangulada, e o suposto assassino some-se dentro de um penedo; a rapariga casta que coleciona santinhos sofre uma inesperada metamorfose, e a parteira, que também é bruxa, sonha com o ditador a cair da cadeira e vê crescer-lhe, qual hematoma, um enorme cravo vermelho dentro da cabeça", disse fonte editorial à Lusa.

Na aldeia, segundo a mesma fonte, referindo-se à narrativa do romance, "quando aparece o primeiro televisor, as gentes assistem a transformações que nem sempre conseguem interpretar".

Segundo fonte editorial, o romance revela "personagens inesquecíveis" e o autor demonstra "um recurso narrativo extremamente original" e rematou afirmando que se trata de "um belíssimo retrato do mundo rural português entre 1968 e 1974".

António Tavares, atual vice-presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, nasceu há 55 anos, na cidade do Lobito, no sul de Angola. É licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, onde fez uma pós-graduação em Direito da Comunicação.

Na área literária, escreveu peças de teatro, designadamente "Trilogia da arte de matar", "Gémeos 6" e "O menino rei". Na área de ensaio, assinou "Luís Cajão, o homem e o escritor", "Manuel Fernandes Thomás e a liberdade de imprensa", "Arquétipos e mitos da psicologia social figueirense", "Redondo Júnior e o Teatro", entre outros.

O vencedor do prémio LeYa foi jornalista, fundador e diretor do periódico regional A Linha do Oeste, fundou e coordenou a revista de estudos Litorais.

Como romancista, obteve uma menção honrosa no Prémio Alves Redol, em 2013, com o romance "O tempo adormeceu sob o sol da tarde", ainda no prelo, e foi finalista do Prémio LeYa 2013, com a obra "As palavras que me deverão guiar um dia", publicado pela Teorema.

Lusa/SOL