O PCP não estava no governo deste 1975, o BE e o PEV nunca estiveram. Não vão para o governo, mas terão a responsabilidade de o apoiar no parlamento. Isto torna o governo um pouco mais frágil, mas também mais coeso.
A unidade da esquerda parlamentar torna de facto o dia de hoje, 6 de Novembro de 2015, um dia histórico. Foi derrubado um muro que tinha 40 anos.
Os fantasmas dissiparam-se: o BE apoiará o governo mesmo sem a dissolução da NATO, o PCP suportará o executivo ainda que continuemos no euro. O que parecia impossível há dois meses tornou-se realidade.
O problema que eu mais receio é que as medidas destinadas a porem um pouco mais de dinheiro no bolso dos portugueses desequilibrem o orçamento. Mas, na entrevista que deu à Sic, António Costa falou com segurança sobre aspectos orçamentais, e se tudo for rigorosamente cumprido tudo estrará bem.
Quanto ao PSD e ao CDS, vão para a oposição. É verdade que tiveram de executar um programa de austeridade, que nos foi imposto pela troika, duríssimo, mas é também verdade que não deixam o país em muito bons lençóis, o que se demonstrou, por exemplo, na emigração em massa dos jovens. Agora, estes dois partidos esperarão por instabilidade na coligação liderada pelo PS, para que o próximo Presidente da República convoque eleições legislativas antecipadas que os tragam de novo ao poder. Começam hoje a sua travessia do deserto.
Lusa/SOL