Um dia histórico para Portugal

Há que tirar o chapéu a António Costa: tendo ficado em 2º lugar nas eleições de 4 de Outubro, será o próximo primeiro-ministro de Portugal. Conseguiu-o através de negociações detalhadas, e com certeza difíceis, com o PCP, o BE e o PEV.

O PCP não estava no governo deste 1975, o BE e o PEV nunca estiveram. Não vão para o governo, mas terão a responsabilidade de o apoiar no parlamento. Isto torna o governo um pouco mais frágil, mas também mais coeso.

A unidade da esquerda parlamentar torna de facto o dia de hoje, 6 de Novembro de 2015, um dia histórico. Foi derrubado um muro que tinha 40 anos.

Os fantasmas dissiparam-se: o BE apoiará o governo mesmo sem a dissolução da NATO, o PCP suportará o executivo ainda que continuemos no euro. O que parecia impossível há dois meses tornou-se realidade.

O problema que eu mais receio é que as medidas destinadas a porem um pouco mais de dinheiro no bolso dos portugueses desequilibrem o orçamento. Mas, na entrevista que deu à Sic, António Costa falou com segurança sobre aspectos orçamentais, e se tudo for rigorosamente cumprido tudo estrará bem.

Quanto ao PSD e ao CDS, vão para a oposição. É verdade que tiveram de executar um programa de austeridade, que nos foi imposto pela troika, duríssimo, mas é também verdade que não deixam o país em muito bons lençóis, o que se demonstrou, por exemplo, na emigração em massa dos jovens. Agora, estes dois partidos esperarão por instabilidade na coligação liderada pelo PS, para que o próximo Presidente da República convoque eleições legislativas antecipadas que os tragam de novo ao poder. Começam hoje a sua travessia do deserto.

Lusa/SOL