Embaixador queixa-se de que em Portugal ainda há quem pense que Angola é colónia

Em Portugal existe um “nicho de pessoas que ainda pensam que Angola é uma colónia portuguesa”, disse à Lusa o embaixador itinerante angolano António Luvualu de Carvalho que, todavia, reconhece não ser um setor com grande representatividade.

Nomeado pelo Presidente José Eduardo dos Santos para o cargo no passado dia 30 de setembro, Luvualu de Carvalho considera justificadas as críticas feitas a Portugal pelo jornal estatal "Jornal de Angola".

"Devemos aqui realçar que as relações de Estado para Estado encontram-se num ponto de equilíbrio e são boas. As relações políticas também serão. Mas aqui em Portugal existe um nicho de pessoas que ainda pensam que Angola é uma colónia portuguesa, que ainda pensam que estamos no tempo do Diogo Cão, que ainda pensam que estão no tempo do doutor António Oliveira Salazar. Mas já não estamos", frisou.

Em Portugal, para a sua primeira visita de trabalho desde que foi nomeado embaixador itinerante, Luvualu de Carvalho interpreta a sua nomeação como um "complemento" da rede diplomática angolana e que visa "dar uma grande dinâmica à imagem de Angola a nível internacional".

Luvualu de Carvalho acredita que as relações bilaterais continuam a ser importantes e representam o sentir e o desejo da maioria dos portugueses e angolanos.

 "A representatividade deste grupo não é grande, mas os meios que possuem, meios de comunicação televisiva (…) rádios, jornais e nas redes sociais claro que influencia muitas pessoas a terem uma imagem negativa em relação ao Estado angolano", afirmou.

"Eu acredito que não será por meia dúzia de assuntos que teremos de deixar de ter uma relação boa", frisou.

Nesse sentido, disse que Luanda "sempre manteve as portas abertas para uma relação profícua" com Portugal e apenas a incerteza quanto à continuidade do atual governo português pode condicionar a realização de um encontro de alto nível, para formalizar a parceria estratégica bilateral.

"Eu acredito que as autoridades angolanas sempre mantiveram as portas abertas pata terem uma relação profícua com Portugal. Sempre isto existiu, mas acredito que neste momento em Portugal não estarão criadas as condições, até mesmo políticas governativas, para que este encontro aconteça, porque o dia 10 de novembro será revelador da continuidade do governo aqui em Portugal, ou não", destacou.

Lusa/SOL