Morte de um refugiado causa motim na Austrália

As autoridades australianas tentam conter um motim que estalou, esta noite, no centro de detenção de imigrantes na remota ilha de Christmas, onde um refugiado curdo-iraniano foi encontrado morto após uma tentativa de fuga.

O Ministério da Imigração da Austrália confirmou os "distúrbios" no centro daquela ilha, localizada a 2.650 quilómetros a noroeste de Perth, indicando que não foram registados feridos, mas não facultou mais detalhes sobre a situação.

Apesar de as informações serem confusas, várias fontes deram conta do caos que reina no centro de detenção na sequência do motim e da ausência das autoridades, escreve a agência Efe.

O deputado neozelandês Kelvin Davis, que visitou recentemente a ilha, disse à cadeia televisiva ABC que neozelandeses retidos no centro à espera de serem deportados o informaram de que os amotinados "tomaram conta do centro de detenção".

"Ouvi dizer que os guardas saíram do centro de detenção, que as barreiras foram derrubadas e que os detidos nas áreas segregadas estão misturados com os restantes", afirmou Davis.

Uma versão idêntica foi facultada pelo representante da Coligação de Ação para os Refugiados, Ian Rintoul, que também referiu à ABC que os profissionais da Serco (empresa contratada para gerir a segurança) abandonaram o centro e que existem focos de incêndio no local.

O motim foi desencadeado na sequência da morte de Fazel Chegeni, cujo cadáver foi encontrado no domingo pouco depois de ter escapado do centro de detenção.

Segundo a ativista Pamela Curr, o homem, de cerca de 30 anos e que foi brutalmente torturado no Irão, já tinha tentado suicidar-se antes num outro centro de detenção.

"O nosso Governo sabia, porque aceitaram as provas e decidiram dar-lhe asilo, mas apesar de ter sido torturado brutalmente, mantiveram-no detido por anos", disse Curr à ABC.

Matej Cuperka, um dos detidos, afirmou à televisão australiana que o motim foi iniciado por antigos condenados que viram ser cancelados os vistos após a sua passagem pela prisão.

"A morte [do iraniano] é muito suspeita", disse Cuperka, ao salientar que os reclusos que começaram os distúrbios "acreditam que os funcionários da Serco lhe fizeram algo".

Segundo dados oficiais, datados de 31 de maio, estavam confinados na ilha de Christmas 149 homens, incluindo neozelandeses e britânicos, que esperam ser deportados da Austrália, e requerentes de asilo.

Muitos dos imigrantes que as autoridades australianas intercetam fugiram de conflitos como os de Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e Síria e outros escaparam da discriminação ou da condição de apátridas, como as minorias rohinya, da Birmânia, ou bidun, da região do Golfo.

Lusa/SOL