Para o diário, "Costa deverá […] superar as incertezas e manter um equilíbrio entre as posturas de rotura para com a Europa, o euro e a NATO e aquelas que não se afastam muito do seu antecessor conservador".
O líder socialista, diz o jornal, tem o "difícil desafio" de conservar a recuperação conseguida até agora, além de fazer com que os portugueses sintam "melhorias na vida quotidiana".
Num texto intitulado "Aliança em Portugal", o El País sublinha que "a queda do Governo português do conservador Pedro Passos Coelho" abre "uma nova etapa num dos países europeus cuja população mais sofreu os efeitos da crise económica".
O jornal recorda que "a coligação conservadora ganhou as eleições de forma clara, mas perdeu a maioria absoluta" e que "o voto pela mudança" se diluiu em várias opções – "socialistas, comunistas e nova esquerda" [como descreve o BE].
"Com programas distintos, mas um quadro comum: a oposição, em diferentes graus, à dura política de austeridade do Governo", refere o jornal.
Sobre a decisão do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, de indigitar Passos Coelho para formar Governo, o El País sustenta que "já se desenhava como demasiado provisória e frágil".
Ainda assim, adianta, "as forças da oposição de esquerda, diversas no que propõem e nas suas estratégias, mas coincidentes na necessidade de mudanças no foco económico, demoraram 11 dias a fazer cair o Governo".
Portugal, escreve o El País, "fez esforços mais do que importantes para salvar a sua economia da crise".
"A sociedade, com um espírito de sacrifício exemplar, assumiu os ajustes que dificilmente teriam sido possíveis noutras latitudes. O novo Governo, provavelmente encabeçado pelo socialista António Costa, tem diante de si o difícil desafio de conservar o que se conseguiu até agora em termos de recuperação e conseguir, ao mesmo tempo, que os seus compatriotas sintam melhorias na sua vida quotidiana", sublinha o diário espanhol.
Nas páginas do El País, o correspondente em Lisboa também aborda a situação política em Portugal, escrevendo que os socialistas procuram "um complexo equilíbrio entre tranquilizar os credores da Eurozona e os mercados internacionais" e "manter a coesão da heterodoxa aliança com o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda".
Os três partidos, adianta, "partilham a recusa à austeridade, mas a sua visão da política económica contém sérias divergências, como se reflete nos vários acordos assinados entre os partidos", que "diferem quanto ao controlo dos equilíbrios orçamentais".
"Nos documentos 'Posição conjunta sobre a solução política', a única posição comum dos quatro [PS, PCP, BE e Os Verdes] é evitar uma moção de censura do PSD-CDS", realça.
Leia o editorial, em castelhano e na íntegra, aqui
Lusa/SOL