O Inferno está cheio de boas intenções, diz-se por aí, mas independentemente de passagens mais bíblicas ou de histórias mais romanceadas é importante que todo o nosso choque e revolta quando vemos tais injustiças se transforme em atos, porque são esses que ajudam realmente a transformar a situação. Mas custam tempo e dinheiro, e obrigam-nos a abdicar de uma noite descansada, de um serão entre amigos numa jantarada qualquer, de um almoço de familia, das oito horas de sono de que tanto gostamos ou do nosso passatempo preferido.
Defendemo-nos (eu próprio o fiz diversas vezes) com o facto de querermos ajudar mas não sabermos como, mas a maioria das vezes nem procuramos e andamos de olhos semi cerrados com receio de que nos apareça à frente a solução, obrigando-nos a engolir em seco e a abdicar do nosso descanso, da nossa bolha da vidinha que felizmente nos calhou em sorte e que não queremos alterar nem por nada. A monotonia preguiçosa de quem acha que já passa o dia a trabalhar e tem direito ao descanso dos justos.
Pois estão aí bem à nossa frente dois movimentos que nos podem orgulhar como portugueses, mas acima de tudo que nos devem incitar a fazermos algo e que nos mostram a solução para quando metemos na cabeça que até gostávamos de poder ajudar mas de facto não sabemos como (irra lá está ele a insistir na mesma tecla) . É o caso da plataforma que um grupo de amigos solidários com a causa dos refugiados criou para apoiar todos aqueles que estão a passar por este momento e que ficou visível na reportagem ‘Missão Possível’, sobre a iniciativa Aylan Kurdi Caravan.
Também o movimento Movember começa este mês e tem como objetivo principal a consciencialização para o cancro da próstrata. Este movimento, que conta já com quatro milhões de membros em 20 países e que está cada vez mais implementado em Portugal, consiste em fazer a barba no primeiro dia de novembro e deixá-la crescer até ao último, como forma de sensibilização mas acompanhando uma recolha de fundos para ajudar nos tratamentos de quem precisa. Existem, como podem verificar, mil e um motivos e formas de apoiar, algumas bem simples e que não nos prejudicam o dia-a-dia. E, se cada um de nós fizer um pouco que seja, será o suficiente para que o mundo seja de facto melhor.