Isobel fingiu estar morta durante mais de uma hora no Bataclan

  

À medida que os dias vão passando, começam a surgir vários relatos de sobreviventes dos atentados em Paris, que ocorreram na passada sexta-feira e causaram, até ao momento, 129 mortos.

Isobel Bowdery foi uma delas. A sul-africana, de 22 anos, estava com o namorado a assistir ao concerto da banda norte-americana Eagles of Death Metal, no Bataclan, quando três terroristas disparam contra o público.

Numa publicação no Facebook, onde junta uma fotografia do top que usou no concerto, a jovem explica que esteve mais de uma hora a fingir-se de morta no chão da sala de espetáculos. “A segurar a respiração, a tentar não me mexer, não chorar – não transparecer o medo que estes homens tanto queriam ver. Tive muita sorte em sobreviver”.

“Nunca imaginamos que nos vai acontecer. Era apenas uma sexta-feira à noite, num concerto de rock”, escreveu Isobel, descrevendo o ambiente de felicidade que se vivia no Bataclan. “Foi então que os homens entraram pela porta da frente e começaram a disparar. Inocentemente, pensámos que fazia tudo parte do espetáculo”.

“Não foi apenas um ataque terrorista, foi um massacre. Dezenas de pessoas foram mortas à minha frente. Poças de sangue no chão”, pode ler-se.

Isobel descreve ainda os gritos de vários “homens feitos” que seguravam nos corpos das suas namoradas. “Futuros destruídos. Famílias inconsoláveis. Num instante”.

“Este mundo é cruel. […] A maneira como eles [os terroristas] dispararam meticulosamente contra as pessoas, sem qualquer consideração pela vida humana. Não parecia real”.

A sul-africana aproveitou a publicação para destacar “os heróis” daquela noite. “Ao homem que me acalmou e pôs em risco a sua própria vida ao tentar cobrir a minha cabeça enquanto eu chorava; ao casal cujas últimas palavras de amor fizeram com que continuasse a acreditar no bem que existe no mundo; à policia que conseguiu salvar centenas de pessoas; aos estranhos que me tiraram da estrada e que me consolaram durante os 45 minutos em que acreditei que o rapaz que eu amava estava morto; ao homem ferido que eu confundi com Amaury e que, quando me apercebi que não era ele, me agarrou e me disse que ia ficar tudo bem, apesar de também ele estar sozinho e assustado; à mulher que abriu as portas de sua casa aos sobreviventes; a um amigo que me acolheu e saiu à rua para me comprar roupa para que eu não tivesse de usar o top ensanguentado; a todos os que me enviaram mensagens de apoio – fazem-me acreditar que este mundo tem potencial para ser melhor”.

Isobel relata ainda o que lhe passou pela cabeça, quando achava que ia morrer: “Enquanto estava deitada no meio do sangue de estranhos e à espera da bala que acabasse com os meus meros 22 anos, vi todas as caras das pessoas de quem gostei e sussurrei que gostava muito de vocês. Vezes e vezes sem conta”.

“Ontem à noite [na noite de sexta-feira], a vida de muitos mudou para sempre e cabe-nos a nós sermos melhores pessoas. Viver a vida que as pessoas que morreram sonharam, mas que infelizmente não vão poder vivê-la. Descansem em paz anjos. Nunca vão ser esquecidos”, conclui a jovem.

 

 

you never think it will happen to you. It was just a friday night at a rock show. the atmosphere was so happy and…

Posted by Isobel Bowdery on Saturday, November 14, 2015