Ao sul, tal e qual

Supergrupo com raízes no sul, Tais Quais revisitam canções populares e apresentam novos temas a partir do imaginário de uma taberna alentejana. Os Fabulosos Tais Quais está à venda desde hoje.

O cante não é a sonoridade do grupo, mas está homenageado numa revisitação de ‘Circo de Feras’. É uma ligação, longínqua, ao início dos Tais Quais: apresentaram-se em público pela primeira vez num concerto de apoio à candidatura do cante alentejano a património imaterial da humanidade, em Serpa. João Gil recebera um convite, telefonou a Tim e a partir daí convidaram amigos que partilhassem a vivência do sul do país. Além de Vitorino e Jorge Palma, companheiros no Rio Grande, juntaram-se Celina da Piedade (acordeão e voz), Paulo Ribeiro (voz), Sebastião Santos (bateria e voz) e Jorge Serafim (contador de histórias).

O resultado do encontro agradou e reuniram-se em estúdio para a gravação de ‘Olha a Noiva se Vai Linda’. E como «não tinha jeito fazer um disco sem ser com originais» – palavra de Tim – cada qual (exceto Jorge Palma) trouxe músicas e letras, novas e tradicionais. Seguiram-se três sessões de estúdio e o resultado está em Os Fabulosos Tais Quais, à venda desde hoje.

Celina da Piedade destaca a «fusão fácil de sonoridades que antes do primeiro concerto não pareceu tão óbvia e depois foi». Mérito do cantor e baixista dos Xutos & Pontapés. «O Tim é um excelente organizador de projetos e conceitos e este estava já mais ou menos organizado nas nossas cabeças. Sabíamos que íamos fazer uma coisa de leitura simples, ao alcance das pessoas, mas com execução e arranjos muito cuidados», comenta Vitorino._Celina releva ainda o «espírito de acampamento» do grupo.

No disco, mas em especial ao vivo, recria-se o ambiente de uma taberna, a Venda do Isaías. «Recuperamos o mundo rural com boa disposição e ficcionamos conversas que podiam acontecer numa taberna. Os repentistas estão aqui representados pelo Serafim, no improviso de quadras e conversas. Ainda há frequentadores de tabernas que cultuam o vinho tinto e são capazes de estar a conversar em verso uma tarde inteira», conta Vitorino.

Depois do espetáculo do ano passado e do disco, «o terceiro capítulo é inevitável, são os concertos. Mais que tudo, é uma desculpa para voltar a Serpa», graceja Tim.

cesar.avo@sol.pt