Uma "ampla e imensa maioria" dos 115 ataques registados foram contra mulheres e raparigas muçulmanas, entre os 14 e os 45 anos, que se vestiam de acordo com a tradição islâmica, segundo os dados citados pelo diário The Independent a partir de um relatório de um grupo de trabalho interministerial.
Os autores dos ataques foram maioritariamente homens brancos entre os 15 e os 35 anos.
O relatório admite que o número real de ataques seja superior ao que foi denunciado.
O documento baseia-se em dados compilados pela linha telefónica de ajuda "Tell Mama", dirigida às vítimas de ataques verbais ou físicos contra muçulmanos ou mesquitas.
Grande parte dos ataques denunciados ocorreu em locais públicos, como autocarros e comboios.
"Muitas das vítimas disseram que ninguém as ajudou ou sequer consolou, o que significa que se sentiram vitimizadas, envergonhadas, sozinhas e zangadas com o que lhes tinha acontecido", escreve o jornal, citando o relatório.
"Dezasseis vítimas referiram até que receiam sair no futuro e que a experiência afetou a sua confiança", acrescenta.
O aumento de ataques é semelhante ao registado em 2013 depois do assassínio do soldado Lee Rigby no sul de Londres, segundo o documento.
Números da polícia indicam, por seu lado, que os incidentes antissemitas e antimuçulmanos já tinham registado uma subida importante antes dos atentados de Paris.
Entre julho de 2014 e julho de 2015, os crimes de ódio antissemitas subiram 70,7% e os antimuçulmanos 93,4%.
Ao todo, 816 incidentes islamofóbicos foram registados na Grande Londres entre julho de 2014 e julho de 2015, comparados com 478 no período homólogo anterior. Contra judeus, registaram-se 499 no mesmo período, quase o dobro dos 258 dos ocorridos no período homólogo anterior.
O Reino Unido tem 2,7 milhões de residentes muçulmanos e 263.000 judeus, segundo os censos de 2011.
Os atentados de Paris, que fizeram 130 mortos, foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Lusa/SOL