2.1.“Porque a terceira margem do rio é o próprio rio, é o movimento das coisas. Ele diz (ele é João Guimarães Rosa): não vale a pena estarmos numa margem contra a outra, vale a pena habitarmos essa terceira margem que é o movimento”. Como? o quê? O que significa isto? O que tem isto que ver com a visão que Sampaio da Nóvoa tem sobre as funções do Presidente no sistema político-constitucional português? Há por aí algum tradutor de “sampaiês” que nos possa ajudar?
2.2.Outro exemplo: “ A minha identidade é uma identidade que nos habita, não a oposição, mas a conciliação do movimento. Do dizer para onde queremos ir, onde queremos chegar. Vamos pôr-nos de acordo para chegar aí”. O quê? Mas que raio significa isto? O que tem isto que ver com o exercício das funções de Presidente da Repúblicas? Socorro, estamos perdidos: precisamos urgentemente de tradutores de “sampaiês”. Sampaio da Nóvoa julga que o comunicador nato – é o comunicador chato e impercetível. A erudição não é sinónimo de complicação, confusão ou insuscetibilidade de compreensão – e o significado de erudição pode ser encontrado em qualquer dicionário de português, não de “sampaiês”.
3.Dito isto, atenção: não sejamos injustos. Não podemos acusar Sampaio da Nóvoa de ocultar a sua conceção do papel do Presidente da República no nosso sistema político-constitucional: o candidato apoiado pelo MRPP e pelo extremo-PS gosta assumiu a sua vontade de ser o Presidente da República…saca-rolhas. Isso mesmo, meu caro leitor, os seus olhos não o traíram: o Presidente saca-rolhas. “Eu serei o saca-rolhas”, prometeu Sampaio da Nóvoa. O candidato do MRPP e do extremo-PS conseguiu, finalmente, após tantos meses de campanha intensa, produzir um efeito útil: a valorização do saca-rolhas (utensílio tantas vezes desprezado pela comunicação social portuguesa), trazendo-o para a ribalta mediática, o que já não sucedia desde as referências tétricas aos saca-rolhas, a propósito de um crime cometido por um português nos EUA.
4.Nós, que ensinámos e gostamos de teorizar acerca dos poderes do Presidente da República à luz da nossa Constituição (Constituição formal e Constituição material), ficámos rendidos: afinal, o poder mais forte do Presidente é o de ser o… saca-rolhas da política portuguesa! Magnífica teorização! Cessem de Barbosa de Melo a Gomes Canotilho, de Paulo Otero a Carlos Blanco de Morais, que longamente teorizaram sobre os poderes presidenciais / Que outra função presidencial mais forte, para Sampaio da Nóvoa, se alevanta: a função saca-rolhas!
5.Afinal descobrimos, graças a Sampaio da Nóvoa, que o legislador constituinte pretendeu que o Presidente fosse um saca-rolhas: em caso de dificuldades ou impasses, a Assembleia da República pode ligar para o Palácio de Belém e requisitar o serviço de “saca-rolhas”. Engraçado: estamos convictos que, caso Sampaio da Nóvoa fosse eleito (mera hipótese académica), o Presidente da República seria mais um “puxa-saco” de António Costa e do MRPP – e não propriamente um saca-rolhas…
6.Por último, registamos com agrado que Sampaio da Nóvoa inspira-se, nesta sua campanha, no vasto reportório musical do grande artista que é Herman José. Como Sampaio da Nóvoa ficará mais disponível a partir de dia 24 de janeiro, esperamos que possa, no Carnaval, gravar um dueto com o próprio Herman: seria o contributo mais sólido e efetivo que poderia dar, no futuro próximo, a Portugal e aos portugueses. Até lá, caríssimo Sampaio da Nóvoa, nós, os seus apoiantes, o seu diretor de campanha e restante staff da sua sede de campanha, cantamos a uma só voz o seu hino de campanha:
7.“ Sampaio da Nóvoa quer ser o Presidente do saca o saca-rolhas/Abre o garrafão/ A vida sem vinho não presta…”. Na próxima entrevista, Sampaio da Nóvoa já prometeu, para entusiasmar a sua malta, gritar: “ Bamos lá, cambada! Todos à molhada, que isto é Política total…”.