Subculturas: Insultar um gótico ou um punk é crime em Inglaterra

A polícia de Leicestershire, em Inglaterra, incluiu os abusos verbais e físicos dirigidos a pessoas que fazem parte de subculturas, como os góticos, emos, punks ou metálicos, na categoria de crime de ódio. Esta é a já a nona cidade ingelsa a fazê-lo.

“A polícia de Leicestershire está focada em garantir que ninguém é atacado por causa da sua aparência”, disse Darren Goddard, chefe desta Polícia, à BBC.

Em Inglaterra existem cinco tipos crimes de ódio comuns a todos os condados: discriminação devido a deficiência física ou mental, identidade de género, raça ou etnia, religião e orientação sexual. Mas as forças policiais de cada um dos condados ingleses têm liberdade para acrescentar e definir as suas próprias categorias.

De acordo com a BBC, a Polícia de Leicestershire, condado localizado na zona leste de Inglaterra, foi a nona a acrescentar os ataques contra subculturas enquanto categoria. E o trabalho de sensibilização da fundação Sophie Lancaster Foundation teve especial impacto nesta decisão.

“É um problema maior do que as pessoas podem pensar”, disse ao mesmo jornal Sylvia Lancaster, fundadora da organização que tem como objetivo de reduzir os crimes de ódio.

Sylvia Lancaster fundou a instituição depois da morte da sua filha Sophie. A jovem de 20 anos, que se identificava como gótica e o seu namorado, Rob Maltby, foram vítimas de um ataque feito por um gangue, num parque em Bacup, Lancashire, a 11 de Agosto de 2007. O jovem sobreviveu, mas Sophie morreu no hospital semanas depois.

Um dos agressores disse durante o julgamento que o gangue a que pertencia decidiu atacar o casal porque eram góticos e porque se vestiam de forma diferente.

A dois rapazes adolescentes, Brendan Harris and Ryan Herbert, foram dadas sentenças de prisão perpétua.

Sylvia Lancaster defendeu, em declarações à BBC, que “a policia de algumas áreas nem sempre leva o abuso a sério”. O próximo passo de Sylvia será pressionar para que a legislação mude e que esta categoria seja aprovada a nível nacional.

“Muitas vezes as pessoas que se inserem nestas subculturas são vistas como criminosos, e não como as vítimas por causa da forma como se vestem e se apresentam”, defende. "Leicestershire está a dar-lhes um sinal de que este problema irá ser levado a sério”.

As outras forças policiais a incluir as subculturas como categoria de crime de ódio são Durham, East Sussex, Hampshire, Lancashire, Suffolk, Warwickshire and West Mercia.

Em Portugal, não existe cobertura legal para esta categoria especifica. A APAV define no seu site oficial o crime de ódio como “todos os crimes contra as pessoas motivados pelo preconceito, em razão, nomeadamente, da pertença da vítima a determinada raça, etnia, cor, origem nacional ou territorial, sexo, orientação sexual, identidade de género, religião, ideologia, condição social ou deficiência física ou mental”.

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