Depois de o mercado ter estado praticamente parado, está a aumentar gradualmente a concessão de empréstimos para compra de casa, com os bancos mais disponíveis para dar financiamento e a concederem 'spreads' (margem de lucro do banco) mais baixos. Em outubro, os 'spreads' médios rondaram os 2,5% nas novas operações.
A esta nova dinâmica do mercado de crédito à habitação não é estranho o facto de as Euribor estarem em valores historicamente baixos, o que torna a prestação mensal mais 'amigável'.
Para o economista Nuno Rico, da Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, com as atuais taxas é normal os consumidores considerarem que é uma "boa altura" para comprar casa.
No entanto, alertou, é preciso ter cautela e avaliar cuidadosamente se a prestação mensal continuará comportável num contexto de taxas Euribor mais altas, porque um contrato de crédito implica uma relação com o banco de longa duração (20, 30 ou mais anos) e nesse período é muito normal que haja oscilação das taxas Euribor.
Nuno Rico lembra que quando os bancos fazem simulações para um crédito à habitação são obrigados, na Ficha de Informação Normalizada, a fazer contas não só a quanto seria a prestação com as taxas de juro aos valores atuais mas também ao valor da prestação com a taxa com mais um ponto percentual e mais dois pontos percentuais, pelo que os clientes devem ser responsáveis e olhar também para o valor que teriam de pagar de prestação mensal nessas circunstâncias.
"Recomendamos que na simulação olhem para o valor do cenário mais grave para verem se conseguem suportar no orçamento [familiar] o aumento da prestação, porque agora o valor pode ser baixo e atrativo e rapidamente pode mudar, caso as taxas de juro subam", disse à Lusa.
Segundo os cálculos feitos pela Deco/Dinheiro&Direitos, se um cliente pedisse hoje um empréstimo à habitação no valor de 150 mil euros a 30 anos com um 'spread' de 2,5% iria pagar hoje 591,90 euros, tendo em conta a média já ligeiramente negativa da Euribor a seis meses no mês de novembro (a rondar os -0,010%).
No entanto, se a taxa aumentar um ponto percentual o valor já passa para 672,73 euros e com mais dois pontos percentuais a prestação mensal iria 'saltar' para 759,14 euros.
Lusa/SOL