Extrema-Esquerda: Por que Não Fizemos a Revolução? é um site para consulta de todos os interessados e é também um projeto de recolha de documentos e de investigação em História contemporânea criado pelo gabinete de projetos especiais da RTP.
Foi apresentado esta semana, na data simbólica do 25 de Novembro, e pretende contar a história cheia de lacunas de um movimento que nasceu há mais de 50 anos, de dissidentes do Partido Comunista Português, e que perdura até aos dias de hoje.
Luís Marinho, responsável pelo gabinete de projetos especiais, explica que o site é o primeiro projeto do grupo RTP a ser feito diretamente na internet. E houve a decisão de fazê-lo em primeiro lugar sobre a extrema-esquerda porque «há ainda muito por contar»: «Foi um um movimento riquíssimo, com muitos grupos – os maoístas, os trotskistas, os albaneses e uma série de outros –, que teve um grande impacto grande na sociedade portuguesa, mas falta fazer o levantamento de tudo isso», explica ao SOL. A recolha abrange aspetos políticos, mas também do movimento cultural, dos quais a música de intervenção foi dos mais notórios.
Investigação em curso
O site tem entrevistas feitas recentemente com figuras principais do movimento – como Rui d’ Espiney, Isabel do Carmo, Camilo Mortágua e Francisco Louçã –, mas recorre também a muito material do arquivo da RTP que a partir de agora está facilmente disponível. E há dois níveis de leitura: «Temos as entrevistas editadas, para um público menos especializado, e o material na íntegra para quem quiser dedicar-se mais ao tema».
E é também uma investigação em constante desenvolvimento. Num site, «a capacidade de recolha de material é inesgotável», diz Luís Marinho. «Um programa de televisão (um documentário) teria que deixar muita coisa de fora e este projeto pretende ser um grande repositório». Até porque há um pedido para que quem quiser participe nesta «História que ainda está viva», podendo enviar o seu testemunho ou comentário, fotografias e outro material.
Parceria com universidades
O site foi desenvolvido em parceria com o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa (cujos investigadores fizeram, por exemplo, a cronologia), com o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra e com a associação Mural Sonoro.
Luís Marinho refere que tem recebido elogios ao site (aberto há uma semana). A melhor reação, conta, foi recolhida pelo investigador da Universidade do Minho, José Cordeiro (que participa no Extrema-Esquerda: Por que Não Fizemos a Revolução?) junto de historiadores espanhóis: «Disseram que não conheciam nada semelhante na Europa e que gostariam de fazer um projeto de investigação deste género».