Hostilidade local e falta de financiamento travam Estado Islâmico na Líbia

O grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) estabeleceu uma base segura na Líbia, mas a sua expansão foi travada por dificuldades de financiamento e pela hostilidade da população, segundo peritos das Nações Unidas (ONU).

O EI controla vastas parcelas de território na Síria e no Iraque e beneficiou do caos na Líbia para se implantar em 2014, em Derna, e depois em Syrte, em 2015, adianta a agência noticiosa francesa AFP.

Segundo um relatório de peritos da ONU, pertencentes ao comité de sanções contra a Al-Qaida, o EI é "uma ameaça evidente a curto e longo prazo na Líbia", onde o grupo extremista beneficia da atração e da notoriedade conquistadas no Iraque e na Síria.

A Líbia, elo de ligação entre Médio Oriente, África e Europa, "tem uma importância estratégica" para os dirigentes jihadistas, que ali encontram "a melhor oportunidade de expandir o seu denominado califado", refere-se no relatório.

Mas o EI "não é o único protagonista" entre as múltiplas fações rivais na Líbia e o grupo "enfrenta uma forte resistência da população, assim como dificuldades em construir e manter alianças locais".

O relatório estima que existam entre dois mil e três mil combatentes locais do EI no país, 1.500 dos quais na cidade de Syrte.

Fora os cerca de dois mil combatentes estrangeiros vindos essencialmente do Magrebe, o grupo extremista EI "não tem ainda capacidade internacional de recrutamento na mesma amplitude que o faz na Síria e no Iraque".

"Atualmente, o EI parece ter sido travado na sua capacidade para uma rápida expansão a partir da sua base" na Líbia, defendem os peritos, que precisam que o grupo extremista "tem capacidade para desencadear ataques terroristas em todo o território líbia, mas o seu número limitado de combatentes não lhe permitem uma rápida expansão territorial".

O financiamento da atividade na Líbia é, segundo os especialistas da ONU, um problema. De acordo com os dados recolhidos, o EI não está envolvido em atividades criminosas com alto retorno financeiro como o tráfico de droga ou a exploração de imigrantes ilegais que tentam chegar à Europa.

"As operações do EI na Líbia não parecem tão lucrativas como na Síria ou no Iraque", afirma-se no relatório.

Segundo a ONU, o grupo jihadista não tem também capacidade de obter lucros significativos pela exploração de petróleo na Líbia.

Para isso, escreveram os peritos, seria necessário que a sua presença no país fosse significativamente reforçada e o seu território alargado.

O comité de sanções contra a Al-Qaida está encarregue de fazer uma lista de pessoas e entidade a sancionar pelas ligações a esta organização terrorista. O relatório deste comité foi entregue ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a 19 de novembro, recomendando o alargamento da lista de pessoas a sancionar na Líbia.

Lusa/SOL