“Temos um crescimento da procura externa pelo nosso país e uma recuperação da procura interna, mas que não é igual a crescimento. Ambas as direções são positivas. Mas no caso dos turistas portugueses em Portugal, ainda não estarão atingidos os números de antes da crise”, analisa Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).
Sublinhando que 2015 foi o melhor ano desde o início da crise, antecipa que as agências tenham conhecido um ano “gratificante”, com mais vendas e melhores resultados do que em 2014. “Estamos a crescer como setor acima de 10%. Se continuarmos assim, poderemos rapidamente chegar aos valores de antes da crise”, diz, referindo-se sobretudo à evolução dos estrangeiros que procuram Portugal.
Com esta evolução, o país está a beneficiar do desvio de turistas de países como o Egito ou Turquia para outros destinos? “Portugal fez o trabalho de casa”, afirma Pedro Costa Ferreira. Ou seja, manteve-se a segurança e a paz social mesmo apesar da presença da troika. E, ainda que sem quantificar, aponta “um efeito positivo” decorrente das movimentações dos operadores para mudarem os programas previstos para aqueles destinos.
Já sobre os atentados de Paris, o presidente da APAVT não nega que houve quebras na procura. Mas os cancelamentos já abrandaram. “Quando acontecem estes episódios, no curto prazo há uma reação muito forte do mercado. No caso de Paris, houve muito diálogo com os clientes relativamente às viagens de fim de ano, já que é um destino com peso porque tem a Disneyland que é muito importante nas férias escolares”, explicita, acrescentando: “Se mais nada de anormal acontecer, o mercado tende a estabilizar rapidamente”.
Por agora, já não se nota tanta quebra na procura. “Ainda há alguma preocupação com os pormenores da viagem, como o da segurança, mas é uma preocupação para melhor organizar a viagem e não para a cancelar”.
Crise em Angola prejudica viagens de negócios
Sobre as viagens de negócios, Pedro Costa Ferreira revela que a redução do preço médio dos bilhetes de avião – devido à concorrência entre companhias aéreas – e a crise económica em Angola, o mercado mais importante neste segmento, deverão refletir-se nas vendas das agências especializadas no segmento corporate. “Foram fatores bastante penalizadores”, adverte o presidente da associação que desde ontem e até domingo realiza o seu congresso anual no Algarve. O evento, com cerca de 500 participantes, reúne este ano o maior número de agências de viagens desde 2001.