Michael Seufert, deputado do CDS, nota que a tendência decrescente do PSOE, de Pedro Sánchez, nas sondagens começou a ficar mais evidente à medida que em Lisboa o agora primeiro-ministro de Portugal acertava um acordo com a esquerda radical para fazer cair o governo formado pela coligação vencedora. “A possibilidade do PSOE se coligar com a esquerda radical, e o facto de Portugal ter neste momento um partido no governo com o apoio da extrema esquerda, pode levar algum eleitorado de centro a entregar o seu voto útil a Mariano Rajoy”, nota o centrista ao SOL.
Seufert acredita que “a solução do PS prejudica o PSOE” e, por isso mesmo, não tem dúvidas de que será Mariano Rajoy, líder do do PP – partido que integra o Partido Popular Europeu (família política do CDS no Parlamento Europeu) – a formar governo, depois de uma vitória mesmo que sem maioria no Parlamento.
Do lado do PSD, Paulo Rangel não acredita nesta inevitabilidade. O mesmo é dizer que o eurodeputado admite a possibilidade, tal como se confirmou em Portugal, de o partido vencedor das eleições, neste caso o Partido Popular, segundo as últimas sondagens, não conseguir formar governo porque não tem uma maioria absoluta.
Bloco preocupadocom Podemos
À esquerda do PS, a grande esperança nas eleições espanholas dirige-se ao sucesso do Podemos, o movimento de base cidadã que pode ajudar a acabar com a lógica do bipartidarismo. “O futuro da esquerda em Espanha será tão mais forte quanto mais forte for a votação do Podemos”, diz ao SOL o dirigente do BE José Gusmão.
“O ideal era o PSOE e o Podemos estarem o mais possível equilibrados, num contexto de maioria de esquerda”, defende, mostrando preocupação com a evolução das sondagens que coloca mais longe este resultado. “Está a haver muita pressão no sentido da bipolarização”, lamenta.
Se for possível construir um governo à esquerda, mesmo que Rajoy fique à frente (repetindo a solução portuguesa), o dirigente bloquista antecipa dificuldades idênticas às sentidas por António Costa. “O Governo espanhol tentará vencer a austeridade, tendo de lidar com os constrangimentos orçamentais”. Ainda assim, dado que o desequilíbrio orçamental é menor, “os problemas espanhóis serão mitigados”.
*com Manuel Agostinho Magalhães