Cheguei ontem a 2.105 milhões de euros, mas esqueci-me que o Estado já, em 2012. Injetou no Banif o valor 700 milhões de euros a título de empréstimo, mais 400 milhões de dívida subordinada, que após algum tempo se transformam em ações ,dos quais o banco só devolveu ao Estado 125 milhões. Contas feitas, o que o Estado irá dar ao banco serão 2 980 milhões de euros, ou pouco mais de 1,7% do PIB (total da produção nacional).
São já dois bancos que entram em processo de resolução, este promete ser um bom espetáculo mediático porque o escândalo rebentou no meio de uma transição política.
A mim, quando me perguntão onde guardo mais dinheiro, respondo que o banco mais segura é a “Caixa Geral de Depósitos”, porque o seu único acionista é o Estado, que não deve ir à bancarrota (enfim, já lá estivemos perto, recentemente), e o BPI: tem acionistas fortes (o maior é o “La Caixa” de Barcelona, que é maior que a CGD, se não me engano), é um banco com cortesia, e não um banco onde os comerciais tentam vender relógios e coisas assim, é um banco transparente, revelando a carteira detalhada dos seus fundos de investimento, e, por fim, pagam baixas taxas de juro nos depositantes, deixando-os tristes porque irão receber pouco em juros, mas podem-se alegrar: se o banco cobra baixas taxas de juro nos depósitos, é porque não tem dificuldades em endividar-se nos mercados, o que é um sinal de solidez. Lembre-se sempre: se não é uma promoção temporária para atrair novos clientes, taxas de juro altas nos depósitos são para fugir
Caixa Económica Açoriana, BPP, BPN, injeções de capital nos bancos a taxas de juro elevadas (o BPI já pagou tudo), BES, Novo Banco, agora o Banif.
Isto é apenas o resultado de vários anos a vivermos acima das nossas possibilidades. Mesmo assim, o setor bancário, e sobretudo as maiores instituições, tem de ser socorridos, pois são o centro nevrálgico da economia. O que não significa que responsáveis por burlas e fraudes não devem ir a julgamento.
E, infelizmente, ninguém pode garantir que a história acaba aqui. Nas palavras de um amigo meu: “as autoridades de supervisão, apanham o que apanham”