Joseph Blatter e Michel Platini foram banidos este mês de todas as atividades relacionadas com o futebol durante os próximos oito anos. Em causa está uma investigação relacionada com uma quebra no código de ética, agravada pela suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança. Platini é acusado de ter recebido dois milhões de francos suíços (1,8 milhões de euros) de Blatter em 2011, sem qualquer justificação legítima.
Suspensos provisoriamente em outubro por 90 dias, ambos alegaram que o pagamento honrava um compromisso feito em 1998, por serviços de consultadoria. ‘Desculpas’ que não chegaram a convencer o juiz alemão Hans-Joachim Eckert, que considerou a operação um “pagamento desleal”. Além da suspensão, com efeitos imediatos, os dois dirigentes tiveram ainda de abrir os cordões à bolsa: o suíço foi multado em 54 mil euros e o francês em 74 mil.
Com a barba por fazer, olhos inchados e um penso no rosto, Blatter mostrou-se indignado. “Sinto-me muito triste por ser tratado como um saco de pancada. Servi esta instituição com o coração e em consciência durante 41 anos”, afirmou após conhecer a sentença. Um sentimento semelhante ao de Platini, que promete lutar contra o que considerou ser uma “injustiça” de “tribunal em tribunal”.
Americanos lançaram investigação
O escândalo rebentou em maio, na reeleição de Blatter como presidente da FIFA. As autoridades suíças, a mando do Departamento de Justiça dos EUA, que abriu a investigação, realizaram várias fiscalizações. Sete dirigentes foram presos inicialmente (já são mais de 30 os detidos), numa lista de crimes que vai desde subornos, chantagem, fraude e conspiração a branqueamento de capitais. Dois dias depois de ter sido reeleito, com a Polícia a bater-lhe à porta, Blatter tornou-se demissionário e convocou novas eleições. Mas deixou o aviso: “Eu voltarei”.