Ontem, vários comboios com alimentos, organizados pela Cruz Vermelha, o Crescente Vermelho e a ONU, conseguiram entrar nas localidades cercadas, depois de no início do mês o governo de Damasco ter anunciado um acordo para serem criados corredores humanitários que permitissem socorrer as populações apanhadas pela guerra civil em cidades cercadas pelas suas forças, e outras ocupadas pelo exército sítio e cercadas pelas forças rebeldes. O porta-voz da Cruz Vermelha na Síria, Pawel Krzyek, confirmou que entre 44 e 50 camiões com alimentos conseguiram entrar em Madaya, enquanto outros 21 entraram em Fua e Kefraya.
A meia centena de camiões que entrou em Madaya transportavam mais de 355 toneladas de comida – alimentos suficientes para a subsistência de 40 mil pessoas durante um mês. Para além de géneros, também foram enviados medicamentos e combustível. Está previsto o envio de outro comboio de veículos com ajuda humanitária ainda durante este mês.
O outro comboio de veículos, que partiu da cidade síria de Homs e chegou às localidades cercadas de Fua e Kefraya, na província de Idlib, transportava 170 toneladas de alimentos e de produtos de ajuda humanitária que permitirão alimentar cerca de 20 mil pessoas. As organizações humanitárias esperam conseguir nos próximos dias enviar mais ajuda, sobretudo mantas e medicamentos.
A chegada desta ajuda humanitária resultou de um acordo entre as partes em conflito, mediado pela ONU. Madaya está cercada por tropas do governo sírio e milicianos xiitas do Hezbollah há seis meses, enquanto Fua e Kefraya, localidades de maioria alauita [ramo xiita a que pertence o presidente do país] estão rodeadas de milicianos da Frente al-Nusra, filial síria da Al-Qaeda.
Segundo a ONU e as organizações humanitárias, já morreram durante o conflito sírio, que dura há mais de cinco anos, mais de 250 mil pessoas. Calcula-se que mais de 400 mil habitem em cidades cercadas.