Desigualdade entra no discurso do governo

O ministro Viera da Silva afirmou ontem (sexta-feira) que Portugal é um dos países da OCDE com maior desigualdade de rendimentos. Eu também sei que assim é, mas não consegui usar as estatísticas devidamente ordenadas no site da OCDE (o que até é estranho, pois lembro-me que há poucos anos não tive dificuldade em achar…

Assim sendo, fui procurar no site do Banco Mundial, onde facilmente encontrei o que queria: o coeficiente de Gini. O Gini mede as desigualdades de rendimentos dentro de uma determinada população, tipicamente um país. Quanto mais elevado é o Gini, mais desigual é a desigualdade de rendimentos.

Sobre alguns países com os quais nos podemos comparar: 30,5 na Áustria, 27,6 na Bélgica, 52,9 no Brasil, 33,1 em França, 30,1 na Alemanha, Portugal 36, Reino Unido 32,6, Estados Unidos 41,1.

A primeira conclusão a tirar destes números (e isso é claro vendo a lista completa) é que a Europa é mais igualitária que o resto do mundo. A segunda conclusão é que, desse grupo europeu, relativamente igualitário e homogéneo, Portugal é o mais desigual.

E a maneira mais eficaz de combater a desigualdade é com impostos mais elevados sobre quem ganha mais. Pode custar para essas pessoas e até sentirem-se injustiçadas, mas estão em melhor situação do que as pessoas que removem o lixo que está dentro dos contentores.

E é de saudar que o governo esteja preocupado com este problema.