O argentino tem agora as mesmas de lendas como Johan Cruijff (3) e Di Stéfano (2) juntos. Ou tantas como quatro ícones do futebol brasileiro e mundial: Ronaldo Fenómeno (2), Rivaldo (1), Ronaldinho (1) e Kaká (1). A pergunta impera: e onde fica Cristiano Ronaldo no meio desta história? Em segundo lugar nas votações, com 27,76% das preferências de todos os selecionadores nacionais, capitães das seleções e dos representantes da comunicação social de todo o mundo. Neymar, o convidado para a festa anual de Messi e Ronaldo nos últimos sete anos, completou o pódio (7,86%).
Depois de dois anos de domínio do internacional português (2013 e 14), La Pulga puxou dos galões de cinco títulos e 52 golos em 61 jogos num ano civil (2015) para reclamar o troféu (41,33%). Só perdeu uma Supertaça espanhola para o Athletic Bilbau e a Copa América para a seleção do Chile. E é este o maior desgosto para a estrela do Barcelona: falta-lhe um título mundial pela albiceleste.
Se pelos catalães já conquistou tudo o que havia para conquistar, com a camisola 10 da Argentina tem o palmarés quase em branco: 1 Campeonato do Mundo sub-20 e uma medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim (2008). Muito pouco para um jogador que nos últimos sete anos dominou, a par de Ronaldo, a totalidade dos prémios individuais mais prestigiados do mundo.
«Trocava as Bolas de Ouro por um Mundial», afirmou Messi na antevisão da cerimónia da FIFA em Zurique, na Suíça, justificando-se que «as recompensas coletivas vêm antes das individuais».
É verdade que pela Argentina não tem Neymar ou Suárez como companhias no ataque, mas Di María ou Agüero também são duas muletas de luxo. O pior é que Messi nunca rende o mesmo quando troca de camisola. E o número até é o mesmo (10). Mas este é apenas um pormenor do lado mais ‘negro’, chamemos-lhe assim, do melhor do mundo em 2015.
Um feitio complicado
Quatro dias depois da entrega da Bola de Ouro, Messi voltou a ser o centro das atenções, mas pela negativa. Jogava-se o dérbi com o Espanyol e a rivalidade com um defesa contrário subiu de tom a 10 minutos do apito final.
«Messi estava a criticar-me por algumas coisas. Perguntei-lhe se ele pensava que eu ia fazer-lhe mal e ele disse que sim. Depois, disse-me que era um jogador mau e eu respondi-lhe que ele era anão», explicou o defesa Álvaro González. É apenas um de vários desaguisados em campo e provocações que passam em claro no relvado.
Recuamos até aos tempos de José Mourinho na capital espanhola. Agosto de 2011, segunda mão da Supertaça espanhola. Joga-se mais um clássico do futebol espanhol, aqueles que até faziam faísca no relvado, entre Real Madrid e Barça. Messi bisa na partida e coloca os catalães em vantagem a dois minutos do fim (3-2). No caminho para o seu meio campo, manda calar o banco de suplentes do Real. Como se não bastasse, ainda deu um encontrão a Fábio Coentrão.
As vítimas no ataque e a fuga ao fisco
Jogar com Messi não é fácil. Mesmo para os colegas de equipa. Basta olhar para o número de ‘vítimas’ que já provocou no ataque do Barça nos últimos anos: Larsson (2006), Gudjohnsen (2009), Eto’o (2009), Ibrahimovic (2010), Henry e Bojan (2010 e 2011) e Villa (2013). Nenhum deles – muitos deles verdadeiras estrelas nessa altura -, resistiu ao ‘rei inquestionável’ do Camp Nou.
Desde que se estreou com a camisola blaugrana aos 16 anos, no Dragão, o internacional argentino construiu um estatuto e desenvolveu uma sede de protagonismo que ninguém ousa colocar em causa. Tem sido ‘Messi e mais 10’. Poucos avançados guardam boas recordações.
«Era um sonho de infância jogar no Barcelona e eu estava a flutuar. A época estava a correr bem, mas depois o Messi começou a falar. Ele queria jogar no meio, não como extremo, por isso o sistema mudou de 4-3-3 para 4-5-1. Fui sacrificado e não tinha liberdade dentro de campo», contou um dia Zlatan Ibrahimovic.
Mas há mais. Na biografia de Guardiola, ‘Outra maneira de ganhar’, o autor Guillem Balagué, escreve, tendo por base fontes próximas do técnico catalão, que foi Messi a dar luz verde à contratação de Neymar. Certamente o mesmo não aconteceu na escolha de Luis Enrique para suceder ao compatriota Tata Martino no comando técnico do Barcelona.
Nos primeiros tempos, não só questionou os métodos de trabalho do espanhol como ainda recusou ser substituído num jogo com o Eibar (2014). Apesar da insistência do técnico, La Pulga virou costas e seguiu a jogar.
O mesmo não poderá fazer quando for chamado a julgamento, na companhia do pai e representante, por três acusações de fraude fiscal, num valor de 4,1 milhões de euros. É que as receitas do argentino em relação aos seus direitos de imagem foram feitas através de empresas localizadas em paraísos fiscais. Em cima da mesa está uma pena de 22 meses e meio de prisão. Uma bota difícil de descalçar para Messi.