Entrevista a João Sousa: Começar o ano entre os melhores

O tenista vimanarense é, pela segunda vez, cabeça-de-série num Grand_Slam, desta vez no Open da Austrália que começa dia 18 de janeiro. 

Entrevista a João Sousa: Começar o ano entre os melhores

Faltam dois dias para o Open da Austrália e por lá vai andar o melhor tenista português de sempre, João Sousa, o número 33 do ranking ATP, como cabeça-de-série. O SOL falou com o português sobre o ano fantástico de 2015 e aquilo que quer fazer já este ano: vencer mais torneios e quem sabe, se se qualificar, trazer uma medalha nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.

Vai ser cabeça-de-série no Open da Austrália, frente a Mikhail_Kukushkin. Qual é a sensação?

A sensação não é diferente dos outros anos. A única vantagem teórica é não encontrar nenhum adversário com ranking melhor do que o meu até à terceira ronda. Além disso já fui cabeça-de-série no Open dos Estados Unidos. A vontade de vencer e de o completar são iguais.

Entraste em 2016 com uma derrota no ATP 250 de Auckland. Como é que se foca novamente para a próxima etapa?

Foi um bom teste para início de temporada. Fiz um bom jogo, com bom ritmos, contra um jogador complicadíssimo como é o Fognini (#21 ATP). Serviu para ganhar ritmo e sentir confiança de que o nível de ténis está alto.

Por outro lado, o ano que passou foi fantástico.

Sim, sem dúvida. Três finais, uma meia final e uma vitória num ATP250. Mas já passou, agora é necessário continuar a trabalhar e a melhorar para conseguir manter-me no topo.

Às conquistas ainda conseguiu fazer «dos melhores pontos da «carreira» contra o Toni_Androic em Umag. Como foi?

Foi uma boa jogada em que depois de correr a um amortie ele fez-me um balão e ao ir buscar a bola ao fundo do campo apenas tinha a hipótese de a dar por baixo das pernas, o que consegui fazer, passando-o por cima, o que ele não estava à espera.

Com vitórias e pontos desses, já está na elite mundial do ténis, a pressão pesa nos ombros?

Não, todos os jogos e todos os dias tenho a pressão de fazer melhor, algo que imponho a mim mesmo. Não há pressão maior do que essa.

E para ser o melhor português da história, foi viver e treinar para Barcelona aos 16 anos. O que é que se guarda desses tempos?

Muito sacrifício, muito tempo sozinho e longe da família, o que também me ajudou a crescer e a tornar-me mais independente.

E se tivesse ficado cá, acha que atingiria o nível de hoje?

Penso que seria muito mais difícil. Em Barcelona pude treinar com os melhores da minha idade e mais velhos, com ritmos de treino elevados, melhores condições e uma mentalidade ganhadora.

O ténis em Portugal está mais evoluído?

Sim, mas infelizmente ainda há que melhorar. A partir dos 12  anos quem queira apostar a sério, treinando com os melhores e viajando para os melhores torneios, terá custos entre os 25 mil e os 50 mil euros por ano. Não há apoios para isso, ao contrário de outros países onde é tudo pago. E falta um maior apoio a nível escolar que permita aos atletas conciliarem os estudos com a prática do ténis.

E com essas dificuldades, temos mais nomes portugueses no circuito. Há um futuro optimista a nascer?

Temos mais jogadores do que nunca com classificação ATP. Falta mais massa crítica em termos de instalações e de jogadores Top100. O Gastão Elias, por exemplo, tem nível para estar lá e quando entrar, mais cedo ou mais tarde, pode aguentar-se por muito tempo. O Frederico Silva é um jovem com um elevado potencial.

Fora do campo, o que é que faz?

Procuro relaxar, ler romances históricos, ver futebol e estar com a família e os amigos. E gostava de jogar ténis com o Cristiano Ronaldo, para ver a facilidade dele em adaptar-se a um desporto diferente.

Por falar em grandes atletas, quem é o seu ídolo?

Não tenho um, mas admiro vários jogadores: Djokovic, Nadal, Federer… Sendo que o  Federer é o que mais gosto de ver jogar.

Tem a sua imagem em várias campanhas, incluindo a do Estoril Open. Ganhar é um objetivo?

É um desejo muito forte ganhar o Millennium Estoril Open. É uma oportunidade de estar com a família e amigos, sendo que seria fantástico conseguir ganhá-lo!

E está quase a garantir a entrada nos Jogos Olímpicos do_Rio de Janeiro. Podemos pensar em medalhas?

Primeiro é preciso garantir a 100% a minha presença. Depois lutarei para fazer o melhor resultado, sendo que uma medalha significaria estar entre os 3 melhores do Mundo! É muito complicado. _Mas como diz o_Jorge_Mendes, “Impossible is Nothing!”.

E chegar a número 1 um dia, é uma missão impossível ou sonha com isso?

Não penso nisso, penso em melhorar no dia a dia, conseguir ultrapassar os obstáculos que vão surgindo e apresentar um ténis melhor.

O SOL gostaria de o desafiar para uma partida no Estoril Open deste ano, mas não vale amorties. Vamos a isso?

Não terei tempo para isso pois será uma semana de intensa competição mas fica para uma outra oportunidade, com amorties e ases incluídos!

jose.capucho@sol.pt