Mãe de vítima do Bataclan quer processar a Bélgica

Perante os antecedentes criminais dos terroristas que mataram 130 pessoas no dia 14 de novembro em Paris, a mãe de uma das vítimas diz que a «inação» do Estado belga é responsável pelas «famílias decimadas» e pelos «bebés que nunca vão nascer».

Nadine Ribet-Reinhart, cujo filho Valentin Ribet morreu enquanto assistia a um espetáculo musical no Bataclan, lembra a origem belga de quase todos os atacantes já identificados e diz que foi em Bruxelas que os ataques foram planeados: «Todos sabem o nome de Molenbeek», diz em referência ao bairro da capital belga que tem uma população maioritariamente muçulmana e onde as autoridades belgas já realizaram dezenas de operações desde os atentados de Paris.

«O que fez a Bélgica para prevenir? Julgamentos sem a presença de réus?» questiona a mãe do jovem falecido, que aos 26 anos já exercia advocacia. «Eles poderiam ter evitado que 10 terroristas conseguissem estar em Paris com total impunidade. Esta família e a Eva (noiva do filho) vai recorrer a todos os meios e lutar até ao fim», garantiu a mãe enlutada à BFM-TV.

Segundo avança a BBC, o advogado belga Johan Platteau defendeu ontem a tese de ser possível processar o Estado por negligência, mas só se houver provas de que as autoridades tinham informação concreta sobre os atentados e não agiram em conformidade. E caberia à acusação, neste caso à mãe de Valentin, apresentar essas provas num possível julgamento.

nuno.e.lima@sol.pt