Fascinada pelo corpo feminino, Ana sempre colecionou revistas “Playboy”. Sim, aquelas que quem compra alega sempre que “não é para mim”. “A nudez da mulher é sem dúvida uma das maiores obras de arte que existe, quando captada de forma adequada. Fotografar nudez feminina é algo emocionalmente forte, porque geralmente se envolve em algum secretismo e mistério, mas se for mostrada com sensibilidade, é absolutamente fascinante. O facto de eu ser mulher e fotografar mulheres é uma vantagem porque as modelos se sentem confortáveis comigo, não havendo no ar nenhuma tensão sexual. Por outro lado, como sou também mulher, conheço muito bem as subtilezas do corpo feminino e como realçar a sua beleza”, explica.
Foi aos cinco anos que Ana Dias tirou a primeira fotografia da sua vida, com uma câmara analógica e a mãe como cobaia. Desde criança que se sentia atraída pelas cores e por imagens fortes. Foi isto, de resto, que a levou até ao curso de Artes Plásticas, na Escola Superior Artística do Porto. Mas a fotografia manteve-se sempre lá, como se de um grilinho falante se tratasse. “Ambas, a fotografia e as Artes Plásticas, são formas de expressão artística que me permitem partilhar o que me vai na alma.”
Em 2009 tem a sua primeira grande oportunidade na fotografia, depois de alguns anos a fotografar street art e, sobretudo, a trabalhar como modelo, com a sessão “Big Girls Don’t Cry”. É com esta sessão que concorre a um concurso de fotografia erótica, organizado pela “Playboy” sérvia, que premiava os vencedores com a possibilidade de fazer um editorial para a revista.
Venceu e na mesma altura foi contactada pela “Playboy” Portugal para fotografar a primeira capa, com a atriz e agora especialista de fitness Raquel Henriques. Fez três capas seguidas para a “Playboy” portuguesa e o seu trabalho começou a chamar a atenção de editores de outros países da revista, sendo hoje em dia colaboradora regular da “Playboy” de 18 países diferentes – entre os quais Portugal, Holanda, França, México, África do Sul, Itália, Alemanha, Croácia, Brasil e Sérvia. Não consegue destacar um favorito. Consegue, isso sim, apontar aquele que ainda lhe falta no currículo: os EUA. “É muito difícil um fotógrafo, por mais talentoso que seja, entrar na Playboy americana. Normalmente eles já têm fotógrafos fixos, que são maioritariamente americanos. Trabalhar para a revista Playboy americana continua a ser o meu grande sonho. Trabalho com muitas edições pelo mundo fora, mas foi nos EUA, através de Hugh Hefner, que nasceu a Playboy e, por isso mesmo, essa é a mais importante e mais icónica de todas.”
O primeiro passo, no entanto, já foi dado em junho do ano passado, quando conheceu Hugh Hefner, atualmente com 89 anos. Aquando da sua passagem por Los Angeles, Ana foi convidada pelo próprio patrão da “Playboy” para visitar a icónica mansão (que ainda esta semana foi posta à venda). “Foi muito emocionante abraçar o homem que imaginou e criou o mundo onde trabalho e que tanto me tem dado. Foi um momento muito especial para mim porque Hugh Hefner é o meu ídolo! Se isso foi possível, sei que nada é impossível e vou continuar a lutar para melhorar o meu trabalho e chegar cada vez mais longe. O facto de me convidarem a fazer um webshow para a Playboy EUA, já é uma grande vitória! Sinto que já faço parte da família, até pela série online que faço!”