Marisa tropeça na bola mas quer terceiro lugar

Marisa Matias começou a semana com o pé esquerdo, mas chegou ao fim da campanha com a esperança de ficar entre os três candidatos mais votados nestas presidenciais, após a polémica com as subvenções vitalícias que atingiu Maria de Belém. 

A candidata apoiada pelo BE não largou o tema durante a última semana, mas foi uma piada sobre futebol que lhe manchou a campanha. Marisa Matias foi desafiada, numa entrevista ao Observador, a contar uma boa piada. «Última piada boa que me contaram? Que o Sporting ia ser campeão».

A brincadeira da candidata provocou uma enorme polémica nas redes sociais e obrigou a eurodeputada a explicar-se na sua página do Facebook: «Fui criada e educada por um pai sportinguista, uma das pessoas que mais amo na vida. Aprendi com ele que o futebol junta pessoas e que não há nada mais distendido do que podermos ‘picar-nos’ uns aos outros sobre as nossas preferências futebolísticas. O futebol é como a vida: sem sentido de humor não tem um décimo da piada…»

Mas foi a decisão do Tribunal Constitucional (TC) sobre as subvenções vitalícias dos políticos que marcou a reta final da campanha. A candidatada defendeu, no início da semana, no Porto, que «esta decisão é vergonhosa. É uma decisão que envergonha o Tribunal Constitucional, os deputados que a exigiram, que degrada a nossa democracia. Eu repudio esta decisão e não me conformarei com ela».

Marisa Matias entrou em polémica com Maria de Belém, uma dos 30 deputados que enviaram a lei para o Constitucional. As duas candidatas acabaram a discutir quem ganhava mais e Marisa garantiu que está «perfeitamente à vontade para comparar a folha de salários», até porque sempre exerceu funções em regime de exclusividade e nunca ficou com o salário total de eurodeputada. «Sempre abdiquei de uma parte muito substancial», acrescentou.

BE sonha com o terceiro lugar

O desgaste da ex-ministra da Saúde no final da campanha e as sondagens fazem a candidatura do Bloco sonhar com o terceiro lugar. Francisco Louçã, num comício em Braga, depois de ter acompanhado a candidata numa visita à feira de Famalicão, mostrou-se convicto de que Marisa Matias vai contar com o voto de alguns socialistas. «Marisa terá mais votos do que Maria de Belém pela força dos socialistas que são a favor da responsabilidade e pela força daqueles que acham que é preciso virar a página para defender, como ela faz, a justiça».

O ex-coordenador do BE apelou aos eleitores do PS que «não aceitam que a política esteja reduzida a uma guerra do seu partido, ou os que não aceitam que esta campanha seja destinada a premiar o calculismo ou uma espécie de marcelismo cor-de-rosa».

‘A única derrota é Marcelo ganhar’

O candidato do PCP chega ao fim das campanhas com sondagens pouco favoráveis. «Nada está decidido», responde Jerónimo de Sousa, secretário-geral dos comunistas, às sondagens que dão ao candidato comunista o pior resultado de sempre em eleições presidenciais. Até agora o título pertence António Abreu, que em 2001 conseguiu apenas 5,1%, numa eleição ganha por Jorge Sampaio. O melhor resultado foi conseguido por Carlos Carvalhas, em 1991. O ex-secretário-geral do PCP conseguiu quase 13% dos votos e a vitória foi de Mário Soares, que teve de mais de 70% dos votos com o apoio do PS e do PSD.

Os comunistas preferem desvalorizar o resultado de Edgar Silva e defendem que o importante é saber se o candidato de direita ganha ou perde esta eleição. «O melhor resultado é a derrota do candidato de direita», diz Jerónimo de Sousa. Também Edgar Silva, quando foi questionado a meio da semana sobre a possibilidade de ficar atrás de Marisa Matias, disse que «a única derrota é Marcelo Rebelo de Sousa ganhar à primeira volta». 

Edgar Silva também se insurgiu contra as subvenções vitalícias dos políticos e garantiu que desde 1996, quando foi deputado na assembleia regional, defende «o fim dessa discriminação vergonhosa». O candidato comunista considerou que este privilégio para alguns «envergonha a democracia».