Ministério Público armado em juiz

Não me interessa nada para o que vou escrever a culpabilidade de José Sócrates no seu processo. Fartei-me já de dizer que há muito acho estranha a sua vida, e achei muito negativa a forma como ele considerou natural o upgrade no curso de engenheiro técnico – muito antes mesmo deste processo, e da sua…

Dito isto, considero normal o Conselho Superior do Ministério Público fazer um inquérito a António Ventinhas, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, por causa das suas declarações sobre Sócrates. Nós não precisamos de um Ministério Público juiz (para isso existem os juízes), mas sim de um Ministério Público responsavelmente acusador. Depois, resta-nos esperar pelas decisões dos Tribunais, com a liberdade de as criticar que temos como cidadãos que não falam em nome de outros Poderes do Estado (desejavelmente e legalmente divididos). Mas o mais preocupante é este dirigente sindical, eleito pelos seus pares (que portanto estarão muito de acordo com ele), achar que a o caso Sócrates é à partida uma acusação fundamentada (seja a dita acusação qual for), e que os cidadãos devem dar por adquirida essa fundamentação no caso de quererem perseguir os políticos corruptos.

Ora eu quero um Ministério Público que persiga realmente os políticos corruptos, e não me parece nada ser este o indicado (pela sua ação até agora). E sempre estou para ver se Ventinhas fica incólume, e se aparecem ou não os seus apoiantes para também os varrer do Ministério Público (que eu desejaria mais limpo). Apesar de esperar que o Ministério Público não se resuma a uns quantos Ventinhas.