O atual secretário-geral, o coreano Ban Ki-Moon, já disse que gostaria de ser sucedido no cargo por uma mulher. Além disso, o como 2ª desvantagem, Guterres já tem 66 anos, sendo quiçá um pouco idoso para iniciar um cargo tão exigente.
Mas compreende-se que ele se sinta tentado. Nos últimos dez anos, como alto-comissário da ONU para os refugiados, viu o mundo inteiro, e como há pessoas que vivem muito pior que nós (a maioria da população mundial, diga-se). Guterres quer ajudar a resolver esses problemas, e não ficar no nosso retângulo à beira-mar plantado, mais as ilhas.
A nossa diplomacia tem conseguido, nos últimos anos, alguns êxitos notáveis. Desde logo a entrada no euro na primeira vaga (1 de janeiro de 1999), e a independência de Timor-Leste.
Depois, conseguimos colocar portugueses em posições de destaque: Durão Barroso num cargo com muito poder, o de presidente da Comissão Europeia, e Vítor Constâncio como vice-presidente do Banco Central Europeu (com o pelouro da supervisão bancária, pelo que neste momento não podemos dizer, em Portugal, que o homem se cobriu de glória nessas funções).
São cargos internacionais de topo. Se Guterres conseguir ser eleito para secretário-geral da ONU será uma grande vitória, quer para a diplomacia portuguesa quer para o próprio.
2. Uma das três grandes agências de rating mundial, a Fitch, publicou um relatório sobre Portugal, em que se escreve que a atual solução governativa não afasta o risco de instabilidade política. E o que aconteceu? O normal seria os investidores ficarem nervosos e venderem dívida portuguesa, fazendo assim subir as taxas de juro. E o que se passou foi o inverso: os investidores passaram o dia a comprar dívida nacional a dez anos, descendo assim as taxas de juro: às 16:45 estava novamente abaixo da barreira psicológica dos 3%, cotando a 2,98%.
É caso para dizer que os governos portugueses recuperaram mais depressa a credibilidade de que as outrora todo-poderosas agências de rating.