Em 2008, uma dominicana descendente de imigrantes haitianos decidiu recorrer para a justiça. Alegava que não lhe tinham sido atribuídos os documentos de identificação que asseguravam a sua nacionalidade.
Recorreu até ao Supremo, num processo judicial que desencadeou o êxodo de milhares de imigrantes do Haiti, a esmagadora maioria deles “sem papeis”.
Em 2014, o Governo lançou um programa para a regularização dos imigrantes que terminou em julho de 2015. Mas os critérios eram apertados e a maioria não tinha qualquer documento que provasse a sua identificação, chegada à Republica Dominicana ou mesmo trabalho – os haitianos são quem ocupa as posições mais precárias na economia de Santo Domingo. Nem os imigrantes nem os seus filhos, já nascidos na Dominicana, mas não registados, por ignorância e medo, numa altura em que o poderiam ter sido legalmente.
Ao mesmo tempo, desencadeou-se uma onda xenófoba. Milhares decidiram fugir para o Haiti. Mais de 129 mil entre agosto e o início de janeiro, segundo números oficiais. Na realidade serão muitos mais.
De acordo com o jornal colombiano Hoy, cerca de 524 mil haitianos viviam no país. Apenas 288 mil se inscreveram para tentar uma autorização de permanência e trabalho. E só 240 mil cumpriram os requisitos legais.