Quem me dera

Há, e sempre haverá, muitas maneiras de avaliar uma ação. Onde eu trabalhei usávamos um modelo misto: por um lado descontávamos os dividendos (isto é, quanto maior a previsão dos dividendos que a ação iria pagar no futuro, mais ela valia); por outro lado usávamos rácios de mercado, como o PER (o preço da ação…

E como se acha esse valor contabilístico? É simples: ao valor dos ativos subtrai-se o valor dos passivos. O que sobra é o book value, que nós em Portugal costumamos designar por “capitais próprios”.

Leio no “Jornal de Negócios” que o Banif foi vendido pelo Estado ao Santander Totta por 0,25% do seu valor contabilístico. Se assim for, é um escândalo. Quando eu era analista de ações por várias vezes contestei a introdução do PBV no nosso modelo de avaliação, argumentado que não servia para nada. E os meus chefes contra-argumentavam que o PBV nunca era inferior a 1, pois era ilógico uma ação ser vendida por menos que o seu valor contabilístico. Gostava de ver a cara deles agora com uma empresa a ser vendida por 0,25, bem inferior a 1.

Quem está aflito tem tendência para baixar o preço, pelo que este PBV de 0,25 é um ato de desespero do vendedor. Mas este é claramente um bom negócio para o Santander Totta, e um mau negócio para o Estado.

Mais: pelas minhas contas, e pela minha opinião, as ações do Banif estão muito baratas. Quem me dera ter dinheiro para investir: ia logo comprar algumas. Isso não me faria rico de hoje para amanhã, mas a médio prazo pode tornar-se num excelente investimento.