Estou a citar Charles Grant, diretor de um think tank destinado a promover reformas na EU, que por sua vez é citado pelo Diário de Notícias. Em causa está aqui o Brexit, a perspetiva de, num referendo que deverá realizar-se em 2017, o Reino Unido sair da União Europeia. Será o cabo dos trabalhos esta saída, mas neste momento as sondagens dão vantagem ao “Sim” à saída.
E citando outro comentador, Wolfgang Munchau, colunista do Financial Times que depois é traduzido para português pelo Diário de Notícias, e que está longe de ser um fanático da austeridade: “Portugal não vai realmente, cumprir a ameaça” (…) que, só por si, acabará por funcionar” e “Portugal acabará por obter concessões em matéria de política orçamental.” (Estou a citar a citação do Diário de Notícias, com ligeiras alterações: orçamental em vez de fiscal, por ex.). Munchau diz ainda que a iniciativa portuguesa é refrescante: “para aqueles que sempre se questionaram porque razão os países do Sul da Europa têm sido tão ineficazes a defenderem os seus próprios interesses.”
Ficamos todos assim a conhecer o lado prático da diplomacia: uma pequena chantagem pode sempre funcionar. E apreciamos, mais uma vez, as capacidades negociais de António Costa, a quem o Expresso já chamou “um negociador dos diabos.” Se é para defender os nossos interesses, que seja. Até Churchill afirmou “Se for preciso fazer um pacto com o Diabo para derrotar Hitler, eu faço”. Acho que ele estava a sentir remorsos por ter feito mesmo esse pacto, mas resultou. É assim a diplomacia.