Primeira greve nos CTT privatizados

Vários sindicatos dos Correios preparam-se para avançar com a primeira greve geral depois de a empresa ter sido privatizada. Os sindicatos estiveram reunidos na sexta-feira com a administração dos CTT para discutir aumentos salariais de 4%, com uma subida mínima de 35 euros. A empresa afasta aumentos e os sindicatos já começaram a conversar com…

O responsável diz que a empresa justificou a decisão «por não ter condições financeiras e recordou os cenários macroeconómicos» e agendou uma nova reunião para o próximo dia 24 de fevereiro. Perante esta justificação, o sindicato reafirmou a sua proposta e os fundamentos da mesma. «Os CTT têm lucros, auto investem e distribuem milhões pelos acionistas, não há razão nenhuma para que os trabalhadores não sejam aumentados na tabela salarial. É um aumento que, de alguma forma, repõe o poder de compra perdido durante os últimos anos», revela.

Vítor Narciso diz ainda que «como sabemos que nada vai alterar esta decisão já estamos a discutir com os trabalhadores o que vamos fazer, com a ideia de que a greve geral é inevitável. Só ainda não discutimos qual vai ser a melhor altura», salienta.

Ação em tribunal

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações avançou com um processo coletivo contra os CTT. A ação deu ontem entrada em tribunal, pelo fato de não ter sido contado o tempo decorrido entre 7/5/2012 e 4/12/2013 (conhecido como processo das diuturnidades).

Esta ação surgiu depois da empresa ter sido condenada em tribunal a pagar a um trabalhador de Coimbra, em processo patrocinado pelo SNTCT, os montantes em dívida relativos a diuturnidade. Além da regularização do valor em falta, os trabalhadores pedem ainda que sejam pagos os respetivos juros moratórios à taxa legal desde o vencimento da diuturnidade até ao efetivo pagamento.

Recorde-se que a privatização dos Correios foi iniciada em dezembro de 2013 e o processo ficou concluído no inicio de setembro de 2014. Mas este processo esteve longe de gerar consenso junto dos trabalhadores, desde logo pelo processo de reestruturação levado a cabo pela empresa ainda antes da alienação. Foram encerrados cerca de 400 balcões entre 2000 e 2014. Para assegurar a continuação dos serviços de correio, sobretudo em localidades do interior, os CTT têm firmado protocolos com as juntas de freguesia, em que estas passam a assegurar o serviço de correio.

Os CTT fecharam setembro com lucros de 50,6 milhões de euros, valor que representa uma descida de 3,8% em relação aos primeiros nove meses do ano passado. Nos primeiros nove meses do ano as receitas dos CTT subiram 1,3%, para 538,1 milhões de euros. Os gastos operacionais também aumentaram 2,6%, para 440,7 milhões. O tráfego de correio reduziu 3,1%com uma queda mais acentuada no terceiro trimestre (menos 4,9%), com os rendimentos operacionais deste segmento a recuar 2,6%, para 411,1 milhões. Na área de encomendas e expresso o tráfego aumentou 4,6%, para 10,6 milhões de objetos, elevando as receitas da unidade para 96 milhões de euros. Os serviços financeiros registaram uma subida de 0,8%, para 57,9 milhões de euros.