No Limiar da Visibilidade (até 25 de Abril) trata-se da primeira mostra de Tillmans em Portugal e foca um aspeto particular na obra do artista, a paisagem vertical. Suzanne Cotter, a diretora do museu, explica o que é isso:«Não é apenas o formato vertical, é também a ideia de uma paisagem por camadas». Estas imagens de grande formato, muitas delas feitas a partir do avião (Tillmans viaja sempre à janela), mostram a linha do horizonte e as cambiantes cromáticas do céu, das nuvens e do mar no momento em que o dia e a noite se encontram.
Outro tema recorrente na exposição de Serralves são as paisagens marinhas, uma das quais (de uns impressionantes 2,7 por 4 metros) feita no Porto quando ali esteve em Novembro, para preparar a atual exposição.
Há nas imagens expostas em Serralves um forte «sentido de contemplação», como diz o próprio artista. Mas nem sempre foi assim. Tillmans experimentou pintura e desenho, até que aos 17 descobriu a fotocopiadora, que lhe mostrou que «podia fazer imagens novas sem precisar de pintar».
Em 1990 foi estudar para Inglaterra, que para ele «representava um espaço de liberdade». Ali fez um uso pleno da liberdade:integrou o movimento punk, fotografou os clubes noturnos e retratou o seu círculo de amigos gays.
Vencedor dos prémios Turner (2000) e Hasselblad (o mais importante galardão de fotografia, em 2015), viveu em Londres, Nova Iorque e Berlim. As imagens de No Limiar da Visibilidade foram captadas nos mais diversos locais, desde uma ilha na Papua Nova Guiné – «o local mais remoto onde alguma vez estive» – a Fire Island (EUA), La Palma (Canárias) ou Lampedusa (Sicília), onde documentou de forma subtil o drama dos migrantes.